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EUA autorizam o envio de tropas à fronteira turca com a Síria

Agência France-Presse
postado em 14/12/2012 12:56
Damasco - Os Estados Unidos autorizaram nesta sexta-feira (14/15) o envio de 400 soldados a território turco, perto da fronteira com a Síria, e a Rússia desmentiu ter mudado sua posição sobre o conflito um dia após declarações de um vice-ministro russo que havia admitido a possibilidade de uma vitória da rebelião.

O exército sírio, por sua vez, seguia bombardeando nesta sexta-feira os bairros do sul de Damasco, enquanto perto de Aleppo (norte) rebeldes e tropas de Assad combatiam pelo controle de uma escola militar, indicou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

Os Estados Unidos anunciaram sua intenção de mobilizar 400 soldados na Turquia para proteger este país de um risco de transbordamento da guerra civil síria.

A ordem oficial para a mobilização foi assinada pelo secretário americano de Defesa, Leon Panetta, antes que seu avião pousasse, nesta sexta-feira, na base de Incirlik, no sul da Turquia.

A Alemanha também aprovou nesta sexta-feira a mobilização, no âmbito de uma missão da Otan, de duas baterias de mísseis e de até 400 soldados no sul da Turquia.

A proposta do governo alemão obteve uma ampla maioria: 461 votos a favor, 86 contra e 8 abstenções.



Enquanto os confrontos prosseguiam em todo o país, nesta sexta-feira ocorreram manifestações para denunciar o terrorismo de Assad em sintonia com as críticas dos rebeldes aos Estados Unidos por sua decisão de incluir na lista de grupos terroristas os jihadistas da Frente Al-Nusra.

A Rússia, um dos últimos países que mantêm seu apoio ao regime de Bashar al-Assad, afirmou nesta sexta-feira que nunca modificará sua posição sobre a Síria. "Nunca mudamos e não mudaremos nunca nossa posição", declarou Alexandre Lukachevich, porta-voz do ministério.

Na quinta-feira, o vice-ministro das Relações Exteriores russo encarregado do caso sírio, Mikhail Bogdanov, havia afirmado que o regime sírio perdia cada vez mais o controle do país e que não descartava uma vitória da oposição.

Desde o início da rebelião, a diplomacia russa vetou todos os projetos de resolução de condenação ao regime da Síria, país para o qual a Rússia vende armas. "É necessário ver as coisas de frente. O regime e o governo sírio perdem cada vez mais o controle do país", havia dito Bogdanov.

Uma fonte próxima à embaixada russa em Damasco havia dito à AFP que a surpreendente declaração se devia à exasperação da Rússia pela rejeição a qualquer compromisso por parte do regime, que segue considerando que está em condições de vencer militarmente.

As declarações de Bogdanov foram comentadas com certa ironia pelos Estados Unidos, que negociam com a Rússia uma solução para o conflito. "Queremos elogiar o governo russo por ter despertado e reconhecido a realidade, que os dias do regime estão contados", disse o departamento de Estado.

Os Estados Unidos apoiam a rebelião e exigem há tempos a saída de Assad do poder. Já o presidente francês, François Hollande, disse nesta sexta-feira em Bruxelas que a comunidade internacional deveria fixar o objetivo de "fazer Assad partir o mais rápido possível".

No mesmo sentido se pronunciou Cameron, advertindo que "a inação e a indiferença não são uma opção para a Síria". As potências ocidentais, que há alguns dias advertiram a Síria contra o uso de armas químicas, denunciam agora a utilização de mísseis Scud.

A Síria desmentiu ter disparado mísseis Scud e rejeitou as acusações dos Estados Unidos. Por sua vez, desertores sírios afirmaram à AFP que as forças leais a Assad recorreram a estes mísseis.

O conflito sírio, que já dura 21 meses, deixou mais de 43 mil mortos, entre eles 30 mil civis, afirmou o OSDH.

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