Agência France-Presse
postado em 14/12/2012 14:26
Seul - Milhares de soldados e civis norte-coreanos celebraram nesta sexta-feira, no centro de Pyongyang, o sucesso do lançamento de um foguete de longo alcance que colocou um satélite em órbita na quarta-feira, ao mesmo tempo em que o governo prometeu outros testes no futuro, desafiando as advertências da comunidade internacional.A poucos dias de completar um ano à frente do regime comunista, Kim Jong-Un proclamou a "firmeza inquebrantável" da Coreia do Norte para prosseguir com o programa de foguetes, apesar da condenação da ONU e dos pedidos de novas sanções.
O ato de celebração na capital norte-coreana, exibido pela televisão estatal, foi organizado antes do aniversário da morte do pai de Kim Jong-Un, Kim Jong-Il, na próxima segunda-feira. A multidão reunida na praça Kim Il-Sung aclamou os discursos para celebrar o lançamento do foguete Unha-3 e elogiar a "coragem e sabedoria" do novo líder norte-coreano, Kim Jong-Un.
"Isto foi possível graças à infinita lealdade, coragem e sabedoria do grande marechal Kim Jong-Un" disse Jang Chol, presidente da Academia de Ciências da Coreia do Norte. A cerimônia ocorreu após a publicação de uma declaração de Kim ordenando mais lançamentos de satélites no futuro, apesar da onda de críticas gerada em quase todo o mundo e da condenação demonstrada pela ONU.
Um funcionário de alto escalão do governo sul-coreano afirmou nesta sexta-feira que é altamente provável que o Norte realize um terceiro teste nuclear após o lançamento bem-sucedido do foguete. "Um teste nuclear é altamente provável (...) A Coreia do Norte costuma fazer testes nucleares após lançamentos de mísseis" ou foguetes, disse o ministro sul-coreano de Unificação, Yu Woo-ik.
Os testes nucleares de outubro de 2006 e de maio de 2009 foram realizados alguns meses após os lançamentos - frustrados - de mísseis ou foguetes.
A Coreia do Norte afirma que colocou em órbita um satélite de pesquisa com finalidades pacíficas, mas muitos na comunidade internacional pensam que na verdade foi um teste de míssil balístico que significou um importante passo no desenvolvimento do programa norte-coreano de armas nucleares.
O departamento de Estado americano lamentou que Kim tenha perdido a oportunidade de "situar seu país no século XXI" e que tenha, pelo contrário, tomado decisões equivocadas.
Imperturbável, Kim Jong-Un, que supervisionou pessoalmente o lançamento na última quarta-feira, destacou a necessidade de "lançar mais satélites no futuro (...) para desenvolver a ciência, a tecnologia e a economia do país", indicou a agência oficial (KCNA).
O satélite transportado pelo foguete entrou em órbita operacional, indicou na quinta-feira o ministério da Defesa da Coreia do Sul, confirmando o aparente sucesso da missão espacial norte-coreana.
O satélite enviado ao espaço pelo foguete Unha-3 encontra-se "em órbita normal", disse à imprensa o porta-voz do ministério, Kim Min-Seok.
"Ainda não se sabe que tipo de missão o satélite cumpre. No geral é necessário esperar duas semanas antes de poder determinar se o lançamento de um satélite foi bem-sucedido", acrescentou o porta-voz.
Nesta sexta-feira, o mesmo porta-voz anunciou que a marinha sul-coreana havia encontrado os restos da primeira etapa do foguete lançador, que serão analisados para tentar determinar seu nível tecnológico.
"Trata-se de um elemento de informação importante para determinar as capacidades da Coreia do Norte em matéria de foguetes", explicou kim.
Trata-se, ao que parece, de um depósito de combustível, com a inscrição do nome do foguete, "Unha-3", e será examinado por especialistas sul-coreanos e norte-americanos.
A maioria dos países ocidentais considerou que se tratou de um míssil balístico que violou as resoluções da ONU impostas após a realização de testes nucleares norte-coreanos em 2006 e 2009.
O Instituto sul-coreano de Pesquisa Espacial indicou que o satélite se desloca a entre 494 e 588 km de altura, confirmando dados comunicados pelos norte-coreanos, indicou a agência Yonhap.
Para a comunidade internacional, a natureza precisa do satélite que entrou em órbita e a questão de saber se está funcionando bem é, em grande medida, irrelevante.
O Conselho de Segurança da ONU condenou o lançamento e advertiu sobre possíveis medidas, diante do que os Estados Unidos classificaram de "ato altamente provocador".
O órgão executivo da ONU considerou que a Coreia do Norte utilizou "tecnologia de mísseis balísticos" e lembrou que, após um lançamento fracassado em abril, havia advertido que tomaria medidas se a tentativa se repetisse.