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Venezuelanos elegem governadores sob impacto de doença de Chávez

Agência France-Presse
postado em 16/12/2012 17:53
Caracas - Os venezuelados votaram neste domingo (16/12) em eleições regionais nas quais o governo busca uma ampla vitória e a oposição tenta confirmar a liderança de Henrique Capriles, em meio aos anúncios da "recuperação progressiva" do presidente Hugo Chávez, que já despacha de Cuba, onde foi submetido à quarta operação contra um câncer.

As seções eleitorais começaram a fechar suas portas às 18H00 local (20H30 Brasília), ao final da votação para eleger os governadores de 23 estados, mas onde há filas o pleito continuará até o último eleitor, disse a reitora do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) Sandra Oblitas.

A eleição foi marcada pela apreensão com o estado de saúde de Chávez, que segundo o ministro Jorge Arreaza se recupera de forma "progressiva" em Cuba e fez um "apelo a todos os venezuelanos, especialmente os patriotas (...) para que exerçam seu dever e direito ao voto no dia de hoje para consolidar todos os espaços que nos permitam seguir avançando para a justiça social". "Desde a sexta-feira, o ;comandante; já se comunica conosco para instruir, governar, dar instruções para que sejam cumpridas lá em nosso país", disse Arreaza, ministro da Ciência e Tecnologia e casado com a filha mais velha de Chávez.

A oposição tenta conservar as vitórias obtidas em 2008, quando a participação alcançou 66%, e seu líder Capriles luta pela reeleição em Miranda contra o ex-vice-presidente Elías Jaua, - uma das figuras fortes do governo -, depois de perder a eleição presidencial para Chávez.

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Capriles votou no bairro de Las Mercedes, em Caracas, convocando a oposição a comparecer às urnas em massa: "deixar de votar pode custar muito caro".

Elías Jaua disse que a mobilização da "máquina bolivariana foi perfeita" e pediu "muita atenção nas próximas horas", após votar no bairro de Petare, também em Caracas.

O vice-presidente, Nicolás Maduro, convocou os eleitores a comparecer às urnas para "não ficar mal" com Chávez. "Não podemos falhar hoje, ninguém deve falhar com Chávez (...) Vamos mostrar isto, com coração, com voto, com orações", disse Maduro, designado por Chávez como seu herdeiro político.

O reitor do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) Vicente Díaz reagiu às declarações de Maduro afirmando que o vice-presidente não deve realizar declarações de "claro sentido eleitoral promovendo a candidatura e a oferta eleitoral do governo nacional". "É um fato sem precedentes (...) e uma aberta violação da lei".

Na votação regional, o governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) busca reconquistar os redutos da oposição, especialmente o petroleiro Zulia (noroeste) e Miranda (que envolve parte de Caracas), os mais ricos e populosos do país.

O chavismo controla atualmente 15 estados, a oposição sete e um, Monagas (sudeste), é independente.

Como nas presidenciais de outubro, nas quais Chávez foi reeleito com 55% dos votos para o terceiro mandato de seis anos, o PSUV adotou a estratégia de ;um por dez;, para que cada simpatizante chavista consiga dez votos.

Para analistas, Capriles joga o futuro político em um desafio duplo: precisa da vitória para reforçar a liderança depois de obter a maior votação obtida pela oposição contra Chávez (44% dos votos) e garantir ainda sua candidatura caso o presidente não possa assumir o terceiro mandato em 10 de janeiro se sejam convocadas eleições em um prazo de 30 dias.

Chávez, 58 anos, foi operado na terça-feira passada em um hospital de Havana, pela quarta vez, de um câncer cuja localização jamais foi revelada, e enfrenta um pós-operatório que o governo define como "complexo".

Reeleito no mês de outubro para mais um mandato, Chávez deveria assumir a presidência no próximo dia 10 de janeiro.

O vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Diosdado Cabello, afirmou no sábado que a eventualidade de Chávez não retornar ao país até 10 de janeiro "depende" dos médicos, mas explicou que "não é a preocupação agora" do partido.

Antes de partir para Havana, Chávez designou o vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, seu herdeiro político para o caso de permanecer "inabilitado", uma decisão inédita que aumentou os temores sobre a gravidade de seu estado de saúde, pois em nenhuma das ausências anteriores ele insinuara a possibilidade de um sucessor.

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