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Newtown enterra suas vítimas enquanto Obama promete debate sobre armas

Agência France-Presse
postado em 17/12/2012 14:37
Newtown - A pequena cidade de Newtown (Connecticut, nordeste dos EUA) enterrava nesta segunda-feira (17/12) as primeiras vítimas do massacre na escola primária de Sandy Hook, pouco depois do presidente Barack Obama prometer um debate para "evitar tragédias como esta".

Os funerais de Noah Pozner e Jack Pinto, ambos de 6 anos, acontecem nesta segunda-feira em Newtown e Fairfield, uma cidade vizinha, enquanto as outras 20 crianças e 6 adultos assassinados serão enterrados ao longo da semana, disse o jornal local Newtown Patch. O autor dos disparos, um jovem de 20 anos, matou sua mãe em sua casa e se se suicidou na escola.

No domingo, o presidente norte-americano Barack Obama visitou esta bucólica cidade de 27.000 habitantes de Nova Inglaterra para consolar as famílias das vítimas, prometendo fazer todo o possível para evitar este tipo de tragédia. O presidente pediu a seus compatriotas que se perguntem se "estamos fazendo o suficiente para proteger nossas crianças".



[SAIBAMAIS]"Refleti nestes últimos dias e, para sermos honestos, a resposta é não", acrescentou o presidente, observando que esta visita a Newtown era a quarta que fazia, em seus quatro anos de governo, a cidades abaladas por massacres. "Não podemos mais tolerar isto. Estas tragédias precisam acabar, e para pôr fim a isto precisamos mudar", afirmou o presidente.

"Nas próximas semanas, vou me valer dos poderes que minhas funções me conferem para reunir meus concidadãos, desde os membros das forças da ordem até profissionais de psiquiatria e professores, com a finalidade de evitar tragédias como estas", prometeu.

Controle de armas

Este novo tiroteio, um dos mais letais dos últimos anos e um dos mais graves em um estabelecimento escolar, reacendeu o debate sobre as leis que regulamentam o direito de possuir armas - garantido pela Segunda Emenda à Constituição norte-americana.

Desde o massacre de sexta-feira se multiplicaram os pedidos para endurecer a legislação sobre armas de fogo. A senadora democrata Dianne Feinstein anunciou domingo que, assim que o novo Congresso assumir, no começo de janeiro, apresentará um projeto de lei para proibir a compra de fuzis de assalto.

Um exemplo das mudanças que podem acontecer, o senador democrata de Virgínia Ocidental, Joe Manchin, grande defensor da segunda emenda, pediu nesta segunda-feira na rede MSNBC um debate "sensato e razoável" sobre o controle das armas.

O senador independente por Connecticut, Joseph Lieberman, que deixará o Congresso no próximo mes, pediu na CNN para "tentar que todas as emoções que sentimos neste momento não desapareçam".

Mais de 140.000 pessonas tinham assinado na manhã desta segunda-feira a petição no site da Casa Branca para reivindicar uma lei sobre o controle das armas.

Uma lei, assinada pelo presidente Bill Clinton em 1994, determinava a proibição, mas expirou em 2004 e não foi mais renovada. Barack Obama propôs restabelecê-la durante sua campanha presidencial de 2008, mas durante sua gestão não fez disso uma prioridade.

A polícia confirmou oficialmente no domingo a identidade do autor da matança: Adam Lanza, de 20 anos, que se suicidou após ter disparado centenas de tiros.

O tenente Paul Vance, porta-voz da polícia de Connecticut, informou que Adam Lanza usou, principalmente, um fuzil de assalto Bushmaster 223. Tinha também duas pistolas, com uma das quais se suicidou e vários carregadores cheios a sua disposição para cada uma das armas. Um segundo fuzil foi encontrado em um baú em seu carro, estacionado próximo à escola. Segundo a imprensa norte-americana, todas essas armas foram compradas legalmente pela mãe de Adam Lanza, que possuía muitas em sua casa.

Os investigadores já conversaram com a única pessoa adulta ferida que sobreviveu ao ataque e os corpos começaram a ser entregues às famílias, informou Vance, acrescentando que ainda serão necessárias "semanas de trabalho" para responder a inúmeras perguntas.

A presença de uma pessoa suspeita levou ao fechamento de uma escola de Ridgefield, tambén no estado de Connecticut (nordeste), nesta segunda-feira, e a mobilização de forças policiais ao redor de todas as escolas dessa localidade, próximo a Newtown. "Todas as escolas estão em estado de alerta e há policiais em todos os edifícios", informou em seu site o sistema de educação pública de Ridgefield.

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