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Israel aprova novas colônias na Cisjordânia, apesar de críticas

Agência France-Presse
postado em 20/12/2012 13:18
Jerusalém - O governo israelense deu sinal verde para a fase inicial de um projeto que prevê a criação de uma colônia de 6.000 casas em um importante bloco de assentamentos na Cisjordânia ocupada, afirmou nesta quinta-feira (20/12) um líder dos colonos, em um novo anúncio de extensão da colonização israelense em territórios palestinos, que motiva fortes críticas no plano internacional.

[SAIBAMAIS]"Depois de muitos anos, nos sentimos felizes por poder anunciar que o governo de Israel decidiu criar uma cidade no Gush Etzion", afirmou à AFP David Perel, chefe do conselho regional deste importante bloco de colônias situado a oeste da cidade palestina de Belém.

Nabil Abu Rudeina, porta-voz da presidência palestina, reagiu advertindo que "os colonos e o governo israelense devem saber que deverão se responsabilizar" e lembrou que o status de Estado observador obtido pela Palestina na ONU lhe permite recorrer perante as instâncias judiciais internacionais. Hagit Ofran, porta-voz da Paz Agora, uma ONG israelense anticolonização, confirmou este acordo.



"Não se trata de mais um assentamento: 6.000 unidades podem alojar 25.000 pessoas. Talvez não seja tão grande quanto uma cidade, mas, tratando-se de um assentamento, é enorme", declarou à AFP. Agora que começou a fase inicial, o público poderá emitir objeções a este projeto que tem por objetivo conectar o bloco de colônias de Gush Etzion e o sul de Jerusalém, disse Ofran.

Para ela, "a mensagem que isto transmite é que Israel não está levando em conta a solução dos dois Estados. Significa que será muito mais difícil separar a terra (em caso de acordo de paz) com uma cidade ali", acrescentou. Este novo anúncio ocorreu em uma semana na qual o Estado de Israel deu vários avisos sobre novas zonas em territórios que a comunidade internacional não considera israelenses (Cisjordânia ou Jerusalém Oriental).

Efetivamente, as autoridades de Israel, envolvidas em uma campanha eleitoral, anunciaram nos últimos dias muitos projetos para a construção de milhares de casas nos bairros de colonização em Jerusalém Oriental, ocupada e anexada, apesar das condenações internacionais. O município israelense de Jerusalém aprovou na quarta-feira um projeto para a construção de 2.610 casas no bairro de colonização judia de Givat Hamatos, situado no sul do setor oriental da cidade. Este seria, se o projeto prosperar, o primeiro bairro de colonização israelense criado em Jerusalém Oriental em 15 anos, ressaltam as organizações de defesa dos Direitos Humanos.

Além disso, o ministério israelense da Habitação publicou as licitações para 1.048 novas casas nas colônias da Cisjordânia e Jerusalém Oriental, num momento em que a comissão de planejamento do distrito de Jerusalém tinha agendada uma reunião nesta quinta-feira para examinar a construção de 1.100 casas adicionais no bairro de colonização de Gilo, também situado em Jerusalém Oriental.

Na segunda-feira passada, o ministério do Interior israelense havia autorizado a controversa construção de 1.500 casas em Ramat Shlomo, um bairro de colonização em Jerusalém Oriental, um projeto que os Estados Unidos já haviam condenado em 2010. Todo o Conselho de Segurança da ONU, com exceção dos Estados Unidos, pediu a Israel que renuncie aos seus projetos de colônias.

Em declarações separadas, os quatro países europeus do Conselho (França, Grã-Bretanha, Portugal e Alemanha), oito países não alinhados (Azerbaijão, Colômbia, Guatemala, Índia, Marrocos, Paquistão, África do Sul e Togo), assim como Rússia e China afirmaram que estas iniciativas são ilegais e ameaçam qualquer possibilidade de relançar as negociações para instaurar dois Estados que coexistam em paz.

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