Agência France-Presse
postado em 21/12/2012 13:55
La Paz - O senador opositor boliviano Roger Pinto passará as festas de Natal e Ano Novo refugiado em um cômodo da embaixada do Brasil, que concedeu asilo político há seis meses à espera de um salvoconduto que o governo boliviano se nega a dar para o político, informou sua filha."Vamos tentar passar as festas de fim de ano da melhor maneira que podemos; vou tentar fazer uma ceia e visitá-lo", afirmou Denise Pinto, a única familiar em contato direto com o legislador, uma vez que sua irmã e sobrinhos fugiram para o Brasil. Roger Pinto entrou em 29 de maio passado na sede diplomática brasileira na Bolívia alegando perseguição política.
O senador pelo departamento amazônico de Pando (norte) fez inúmeras denúncias de corrupção contra o governo do presidente Evo Morales, que, em função disso, o indiciou em vários processos, a maioria por desacato. O senador afirma, além disso, que entregou informações reservadas ao governo sobre atos de corrupção e sobre vínculos de autoridades com o narcotráfico, e assinala que jamais foram revelados ou investigados.
O poder executivo informou que não autorizará sua saída do país, pois não o considera um perseguido político, e sim uma pessoa sobre quem pesam denúncias e um julgamento por corrupção quando administrou temporariamente o governo de Pando, na década passada. Além disso, o próprio presidente boliviano disse que o Brasil se equivoca ao dar asilo ao senador, enquanto que a ministra Anticorrupção, Nardy Suxo, ameaçou com julgamento qualquer juiz que assinar um salvoconduto para ele.
A chancelaria brasileira indicou que até o momento não se conseguiu avanços no processo de asilo do político. "O Brasil já concedeu o asilo, mas corresponde à Bolívia conceder o salvoconduto para que possa deixar a embaixada... não houve nenhuma novidade desde que foi concedido o asilo",afirmou uma fonte diplomática brasileira que não quis ser identificado.
Segundo o deputado Luis Felipe Dorado, correligionário político de Roger Pinto, o governo não quer dar o salvoconduto por arrogância.