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Religiosos paquistaneses pedem que população aceite a campanha antipólio

Agência France-Presse
postado em 21/12/2012 14:08
Karachi - Imãs paquistaneses pediram à população que apoie a campanha contra a poliomielite durante tradicional oração da sexta-feira (21/12), depois de uma semana marcada pelo assassinato de nove pessoas que trabalham na erradicação desta doença no país.

"Matar trabalhadores inocentes que vão de um bairro para o outro para salvar crianças de uma doença mortal como a poliomielite é contrário ao Islã. É um ato terrorista", afirmou Qari Ahsan Sidiqui, em seu sermão na mesquita de Karachi.

"A pólio é um perigo para as gerações futuras e deveríamos todos nos conscientizarmos de que nos opondo à campanha contra a pólio colocamos em perigo a vida de nossos filhos", afirmou Abdul Khaliq Farid, em outra mesquita da cidade.

Homens armados não identificaaram mataram esta semana cinco pessoas que trabalhavam em uma campanha nacional de vacinação contra a poliomielite em Karachi (sul) e quatro em Peshawar (noroeste).

Em resposta a essa violência, a Unicef e a OMS, que supervisionam e apoiam a campanha de vacinação, suspenderam suas atividades ligadas à poliomielite em todo o país.



E as autoridades paquistanesas, que fornecem voluntários no terreno, suspenderam a campanha de vacinação nas províncias de Sindh (sul) e Khyber Pakhtunkhwa (noroeste), as duas únicas regiões atingidas pela violência.

A Unicef e a OMS denunciaram estes ataques que "privam as pessoas mais vulneráveis do Paquistão, especialmente as crianças, dos cuidados fundamentais".

Segundo dados da OMS, 198 casos de pólio foram registrados no Paquistão no ano passado, o pior ano em uma década, e 56 este ano, principalmente no noroeste do país, região povoada pela etnia pashtun situada na linha de frente da "guerra contra o terrorismo". No Paquistão, milhares de pais se negam a vacinar os filhos contra a poliomielite pela pressão de líderes religiosos e insurgentes.

Alguns imãs fazem publicamente oposição a esta vacinação, acreditando equivocadamente que a vacina contém carne de porco, e que a campanha foi financiada pelo Ocidente com o objetivo de enfraquecer os muçulmanos. Comandantes talibãs também proibiram a vacinação em seu território, acusando os voluntários de serem espiões, especialmente depois do "caso Afridi".

O paquistanês Shakeel Afridi foi condenado em maio a 33 anos de prisão por um tribunal paquistanês por participar de uma falsa campanha de vacinação contra a hepatite B organizada pela CIA em Abbottabad (noroeste) para garantir, por meio de amostras de DNA, que Osama Bin Laden estava no local como suspeitava.

Esta campanha foi realizada em março de 2011, pouco antes do ataque dos Estados Unidos no qual Bin Laden foi morto.

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