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A um mês das eleições, Netanyahu é desafiado apenas pela direita

Agência France-Presse
postado em 23/12/2012 10:10
Jerusalém - O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, à frente nas pesquisas, a um mês das eleições, parece assegurar um novo mandato, enquanto sua hegemonia só é desafiada pelo seu próprio campo, frente a uma oposição dividida.

Mesmo a acusação de abuso de confiança lançada por Avigdor Lieberman, ministro das Relações Exteriores e líder do partido ultra-nacionalista Israel Beiteinu, não mudou a situação.

Segundo pesquisas recentes, o bloco Likud-Israel Beiteinu é creditado de 35 a 39 assentos no Parlamento, de um total de 120. Junto com partidos nacionalistas e religiosos, pode chegar a cerca de 70 assentos no Knesset.

Para "Bibi" Netanyahu, a questão não é o resultado da eleição, já que seu terceiro mandato como primeiro-ministro é quase certo, mas o número de assentos que seu partido Likud irá conquistar.

"Seu sonho é dispor, como o Likud do ex-primeiro-ministro Ariel Sharon em 2003, de um número esmagador de assentos no Knesset, o que definiria um governo independente de qualquer parceiraria ou coalizão", considerou Yossi Verter, analista político do Haaretz.

Nesta perspectiva, a ameaça mais séria não vem da oposição centrista ou de esquerda, mas de um jovem político de direita muito forte, Naftali Bennett, que tomou as rédeas do Foyer judaico, um partido nacionalista pró-colonização.

O Foyer tem garimpado assentos na lista de Netanyahu-Lieberman e pode levar 12 deputados (contra 3 atualmente) ao Parlamento, o que o tornará a terceira força política, atrás do Partido Trabalhista (centro-esquerda).

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Uma batalha de ego
Naftali Bennett, ex-chefe de gabinete do primeiro-ministro é um defensor da ideologia da "Grande Israel", e é proveniente, como Netanyahu, do comando de elite "Sayeret Matkal".

Este empresário de 40 anos, compartilha com o seu mentor político um domínio perfeito do inglês herdado de seus pais, imigrantes americanos.

Bennett, que atrai principalmente o eleitorado religioso sionista, também tem como alvo jovens e laicos. Ambiciona obter pelo menos três ministérios no próximo governo. Ele cobiça a pasta da Habitação, crucial para as colônias.

A radicalização recente de Netanyahu sobre a questão da colonização deve-se, em grande parte, à crescente popularidade de seu oponente, ressaltam os analistas.

Para as acusações de oportunismo eleitoral, o primeiro-ministro responde que os projetos de construção em Jerusalém Oriental e de anexação da Cisjordânia são uma "questão de princípio".

"Nós vivemos em um Estado judeu e Jerusalém é a capital de Israel. Construímos em Jerusalém porque é nosso direito", repetiu no sábado.

Na briga, uma oposição de centro e esquerda, dividida, que cada vez mais perde força. Ela conquistará, junto com os partidos árabes, apenas 51 assentos.

Os trabalhistas do Shelly Yachimovich e do HaTnuah, o novo movimento da ex-ministra das Relações Exteriores, Tzipi Livni, estagnaram seus assentos respectivamente em 20 e 9. O partido centrista Yesh Atid, criado pelo ex-jornalista Yair Lapid, não decolou e terá menos de 10 assentos, enquanto a principal força do Parlamento, o Kadima (centro-direita, 28 membros), é seriamente ameaçado de desaparecimento.

"A verdadeira novidade destas eleições é a vitória do ego sobre o bom senso político dentro do bloco de centro-esquerda", observa o cientista político do Maariv, Mazal Mualem, fazendo especial referência à tentativa fracassada de aliança entre Shelly Yachimovich e Tzipi Livni.

"Esta é a primeira campanha em que o bloco não tem um candidato real para o cargo de primeiro-ministro", observa.

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