Agência France-Presse
postado em 23/12/2012 14:58
Damasco - O emissário internacional para a Síria, Lakhdar Brahimi, chegou neste domingo (23/12) a Damasco para tentar mais uma vez chegar a uma solução para o conflito que devasta o país, no momento em que um ataque aéreo matou dezenas de civis em uma padaria.Diferente das visitas anteriores, o enviado especial da ONU e da Liga Árabe entrou na Síria por via terrestre, partindo do Líbano, já que os combates atingiram os arredores do aeroporto internacional de Damasco.
Antes da chegada de Brahimi, o ministro sírio das Relações Exteriores, Omrane al-Zohbi, havia assegurado em uma coletiva de imprensa que não havia sido informado desta visita.
O ministro apelou para o diálogo entre sírios a nível nacional e acusou a Turquia e o Qatar de apoiar os rebeldes, que o regime assimila à terroristas.
A oposição impõe como pré-condição para qualquer negociação a saída do presidente Bashar al-Assad.
Em sua última visita, do dia 19 ao 24 de outubro, o emissário se reuniu com o presidente Assad e com outros líderes nacionais.
Na ocasião, ele negociou a aplicação de um cessar-fogo para a festa muçulmana do Eid al-Adha no final de outubro. A trégua nunca foi respeitada.
Esta visita ocorre 21 meses após o início de uma contestação popular, que se transformou em conflito armado e que já causou a morte de 44.000 pessoas, sem sinais de uma possível solução.
A Otan relatou o disparo de mísseis Scud pelo Exército sírio, enquanto os islamitas ganham força dentro da rebelião.
Neste domingo, dezenas de civis foram mortos em um ataque com caças-bombardeiros perto de uma padaria de Halfaya, na província de Hama, no centro da Síria.
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As vítimas estavam à espera de pão, um alimento cada vez mais raro na Síria, onde a crise humanitária se agrava, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
A rede de militantes anti-regime dos Comitês de Coordenação Locais (CCL) evocou um massacre "cometido pelas forças do regime, que causou dezenas de mortes, incluindo a de mulheres e crianças, e dezenas de feridos, após bombas serem direcionadas à padaria da cidade".
Em 30 de agosto, a organização Human Rights Watch acusou as tropas do regime de cometer crimes de guerra, ao lançarem em três semanas bombas em pelo menos 10 padarias de Aleppo, no norte do país.
A Força Aérea síria realizou outros ataques em várias regiões do país.
Sábado, combatentes rebeldes ameaçaram atacar duas localidades cristãs, caso os habitantes não expulsem os soldados do regime do presidente Bashar al-Assad. A Organização da Cooperação Islâmica (OCI) denunciou essas ameaças, temendo que o conflito se torne inter-religioso.
No plano diplomático, as divisões continuam sobre uma resolução para a crise, principalmente no Conselho de Segurança da ONU, onde Moscou e Pequim vetam qualquer resolução condenando Damasco.
Além das dezenas de mortos de Halfaya, outras 49 pessoas morreram, segundo um balanço provisório do OSDH.
De acordo com esta ONG que se baseia em uma grande rede de militantes e médicos civis e militares em toda a Síria, 117 pessoas morreram no sábado, entre elas 53 soldados e 35 rebeldes.