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Enviado internacional a Síria encontra Bashar al-Assad

Agência France-Presse
postado em 24/12/2012 15:22
DAMASCO - O enviado internacional para a Síria, Lakhdar Brahimi, se reuniu nesta segunda-feira (24/12) com o presidente sírio Bashar al-Assad, no momento em que a oposição acusa o regime de utilizar gás letal contra os rebeldes.

No centro do país, jihadistas tomaram o controle de grande parte de uma localidade alauíta, a minoria religiosa a qual pertence o presidente Assad, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Onze combatentes da Frente Al-Nosra, da Brigada Ahrar al-Cham e da Brigada Ahrar al-Acha;r morreram durante os confrontos em Maan, na província de Hama, segundo o OSDH, que relatou a morte de ao menos 20 membros das tropas regulares.

Após 21 meses de violência, que deixou mais de 44.000 mortos, de acordo com o OSDH, o enviado especial da ONU e da Liga Árabe manifestou a sua preocupação ao chefe de Estado, contestado desde março de 2011, afirmando que espera que "todos as partes se pronunciem a favor de uma solução para todo o povo sírio".

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"Tive a honra de me reunir com o presidente e, como é habitual, trocamos nossas opiniões sobre os muitos passos a dar no futuro", declarou Brahimi à imprensa em Damasco.

"Assad expressou suas opiniões sobre a situação e eu relatei os meus encontros com líderes da região e do exterior", acrescentou o diplomata argelino, nomeado ao cargo em setembro.

Brahimi discutiu recentemente com líderes americanos e russos, cujas posições são diametralmente opostas sobre o conflito. Os Estados Unidos cobram a saída de Assad, enquanto a Rússia apoia o regime de Damasco.

Em sua última visita à Síria, que remonta a meados de outubro, o enviado se reuniu com Assad e vários altos funcionários, com quem havia negociado o estabelecimento de um cessar-fogo para a festa muçulmana do Al-Adha, uma trégua que nunca foi respeitada.

"Suicidio político"

Enquanto a comunidade internacional alerta para o possível uso de armas químicas pelo regime sírio, o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, afirmou ao canal Russia Today que tal atitude seria "suicídio político".

De acordo com especialistas, a Síria tem estoques de armas químicas que remontam à década de 1970 e que é o maior do Oriente Médio, com centenas de toneladas. Já Damasco tem afirmado regularmente que "no caso de" possuir as armas, nunca as usaria.

Nesta segunda, o OSDH acusou as tropas sírias de usar um gás mortal desconhecido contra os rebeldes em Homs (centro).

Seis rebeldes morreram após inalar este gás inodoro, afirmou a ONG.

"Trata-se de um gás que não havia sido utilizado até o momento e que provoca vertígios, dores de cabeça e crises de epilepsia", acrescentou.

"Não se trata de uma arma química, mas não sabemos se é proibida a nível internacional", declarou por telefone à AFP o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

No domingo, o dia da chegada de Brahimi, 198 pessoas foram mortas na Síria, entre elas 120 civis, de acordo com o OSDH, que conta com uma ampla rede de ativistas e médicos civis e militares em todo o país.

O OSDH também relatou ataques aéreos nos arredores de Damasco, no dia seguinte à morte de 60 pessoas em uma padaria na cidade de Halfaya, na província rebelde de Hama. Insurgentes e autoridades acusam-se mutuamente pelo ataque.

A ONG identificou até o momento 43 corpos, 40 deles de homens e três de mulheres.

No plano diplomático, o emir do Kuwait, xeque Sabah al-Ahmad al-Sabah, anunciou nesta segunda, durante a abertura da cúpula do Golfo no Bahrein, uma reunião de doadores no final de janeiro no Kuwait para mobilizar assistência humanitária para os civis sírios.

A ONU lançou em 19 de dezembro um apelo por 1,5 bilhões de dólares pra ajudar até junho cerca de um milhão de refugiados sírio, assim como quatro outros milhões de sírios afetados pelo conflito, mas que ainda estão no país.

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