Agência France-Presse
postado em 24/12/2012 19:02
Madri - O rei da Espanha pediu esta segunda-feira (24/12) unidade para tirar o país de "um dos momentos mais difíceis" de sua história, marcado por uma profunda crise econômica, em alusão à Catalunha, onde cresce o fervor separatista."Não acho que exagero se digo que vivemos um dos momentos mais difíceis da história recente da Espanha", afirmou o monarca em sua mensagem de Natal transmitida pela televisão depois de sofrer este ano momentos pessoalmente complicados em meio a críticas por uma controversa caça de elefantes em Botsuana e acusações de corrupção contra seu genro, Iñaki Urdangarin.
"A grave crise econômica que atravessamos há alguns anos atingiu uma intensidade, uma amplitude e uma persistência no tempo que ninguém imaginava", destacou o rei, de 74 anos.
Em crise desde que explodiu a bolha imobiliária em 2008, a Espanha está novamente mergulhada na recessão e tem um desemprego de 25%, que deixou mais de um milhão de famílias sem trabalho e dezenas de milhares expulsas de seus lares por causa de dívidas com bancos.
Isto, somado às políticas de austeridade, está "gerando um desapego com as instituições e com a política" admitiu.
Por isso, em um momento em que cresce o fervor separatista na Catalunha (nordeste), Juan Carlos I pediu para exercer uma política que, "longe de provocar o confronto e com respeito à diversidade, integra o comum para somar forças, não para dividi-las".
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Diante da negativa do governo espanhol a renegociar um sistema fiscal que considera um peso para sua região em tempos de crise, o presidente catalão, o nacionalista Artur Mas, anunciou sua intenção de convocar um referendo de autodeterminação.
A tensão cresce desde então entre Madri e Barcelona, que denuncia tentativas do governo espanhol por limitar sua autonomia em questões como a educação de sua língua, veicular nas escolas públicas após ter sido excluída da esfera pública durante a ditadura franquista (1939-1975).
"É hora de todos olharmos para adiante e fazermos o possível por fechar as feridas abertas", considerou o rei, pedindo para "promover valores como o respeito mútuo e a lealdade recíproca" que permitiram a transição pacífica da ditadura à democracia na Espanha.
Lembrando "todos os espanhóis que deixam agora nosso país para conseguir melhores condições de vida", o rei teve também palavras de reconhecimento para a América espanhola: "é parte fundamental de nós, como também somos dela", disse.