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Enviado internacional tenta vencer resistência da oposição síria

Agência France-Presse
postado em 25/12/2012 15:44
Damasco - O enviado internacional Lakhdar Brahimi ficará até domingo em Damasco para tentar aplicar um plano internacional para sair da crise, mas os principais grupos da oposição continuam rejeitando qualquer solução que não passe pela saída do presidente Bashar al-Assad.

O emissário deixou o hotel na tarde desta terça-feira (25/12) para um encontro sobre o qual não quis dar detalhes aos jornalistas.

Neste dia de Natal, o Papa Bento XVI pediu durante a sua tradicional bênção "Urbi et Orbi", aos envolvidos no conflito sírio a "parar o derramamento de sangue", "facilitar a ajuda humanitária" e "procurar uma solução política" para o conflito que devasta o país há 21 meses e que já causou mais de 44.000 mortes.

[SAIBAMAIS] Em Manama, os líderes das monarquias petrolíferas do Golfo (Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Omã e Qatar) pediram que a transição política na Síria seja acelerada, ao final de sua cúpula anual, e convidaram a comunidade internacional a "agir rapidamente para impedir os massacres".

Segundo um líder da oposição síria tolerada, Hassan Abdel Azim, que dirige o Comitê de Coordenação para a Mudança Nacional e Democrática (CCCND), o emissário da ONU e da Liga Árabe deve permanecer na Síria até domingo "para tentar chegar a um consenso internacional, a fim de encontrar uma solução para a crise".

"Nós entendemos que Brahimi deverá realizar novas reuniões com autoridades sírias (...) e há grande esperança de que isso conduza a acordos positivos", declarou, por sua vez, Raja al-Nasser, secretário do Gabinete Executivo do CCCND.

Este comitê é composto por partidos "nacionalistas árabes", curdos, socialistas e marxistas. Próximo da Rússia, rejeita a ideia de uma intervenção militar estrangeira na Síria e não se juntou à Coalizão de Oposição.

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"A única solução é um governo de transição, com todos os poderes, que conduzirá o país à estabilidade (...) A solução política é o único caminho e que passa pelo estabelecimento de um novo regime democrático no lugar do regime atual ", disse al-Nasser.

As informações publicadas pelo jornal Le Figaro na segunda-feira relata um acordo entre russos e americanos sobre a formação de um governo de transição, que seria dotado com todos os poderes, e a manutenção de Bashar al-Assad até o fim de seu mandato, em 2014, com a impossibilidade de ele concorrer à reeleição. Este acordo provocou indignação entres as organizações de oposição.

Os Comitês Locais de Coordenação (CLC), que reúne ativistas que organizam a contestação ao regime no terreno, afirmaram nesta terça-feira em um comunicado, que "depois de ter ouvido alguns vazamentos sobre a solução proposta por Brahimi, eles rejeitam qualquer iniciativa que force os sírios a escolher entre um compromisso injusto e a continuação dos crimes praticados pelo regime".

Eles insistem que "Assad e todos os responsáveis políticos e militares devem deixar o poder", e recusam qualquer imunidade, que poderia ser concedida aos pilares do regime.

A Irmandade Muçulmana, que representa a força dominante da oposição, vai na mesma direção e sugere uma "conspiração" contra o país.

"Nós responsabilizamos o Conselho de Segurança da ONU e todas as organizações internacionais pelos crimes contra a humanidade cometidos por Bashar al-Assad e seus bandos", denunciou em um comunicado, rejeitando "todas as afirmações internacionais que apresentam a revolução nas cores sectarismo religioso".

Brahimi expressou na segunda-feira a sua preocupação com a crise na Síria e disse esperar que "todas as partes se manifestem a favor de uma solução para o povo sírio".

Nos campos de batalha, prosseguiam os combates em torno da capital, e foi registrado um bombardeio aéreo perto de Duma, no subúrbio do norte de Damasco.

Em Aleppo a aviação também bombardeou uma escola onde estavam rebeldes, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

Ontem, 126 pessoas morreram em meio à violência, entre elas 56 civis, 45 soldados e 25 rebeldes, de acordo com um comunicado do OSDH.

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