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Mediador da ONU quer mudança real com governo de transição na Síria

Agência France-Presse
postado em 27/12/2012 10:43
Lakhdar Brahimi viaja sábado para negociações na Rússia
Damasco - O emissário internacional para a Síria, Lakhdar Brahimi, pediu nesta quinta-feira (27/12) uma mudança real com um governo de transição com plenos poderes que dirigiria o país até a realização de eleições.

Brahimi não informou o que aconteceria com o presidente sírio Bashar al-Assad, no momento em que a Rússia desmentiu ter concluído um acordo com os Estados Unidos para que o presidente permaneça em seu cargo até o fim de seu mandato atual, em 2014, sem poder ser candidato à reeleição. "A mudança exigida não pode ser cosmética, o povo sírio precisa e exige uma mudança real", declarou Brahimi em uma coletiva de imprensa em Damasco.

"É preciso formar um governo com todos os poderes (...) que assuma o poder durante o período de transição. Este período transitório terminará com eleições", declarou o enviado especial da ONU e da Liga Árabe, sem indicar quando estas eleições serão realizadas. Uma fonte diplomática do Conselho de Segurança da ONU indicou na quarta-feira que Brahimi não recebeu o apoio de nenhuma das partes desde que chegou à Síria, no último domingo. Assim, não haveria nenhuma vontade negociadora por parte do presidente sírio, com quem Brahimi se reuniu na segunda-feira. Por sua vez, os rebeldes também rejeitaram "as soluções propostas por Brahimi".

"Aceitaremos qualquer solução política que não inclua a família Assad e os que danificaram o povo sírio", declarou Walid al-Buni, porta-voz da Coalizão Nacional Síria, nesta quinta-feira. O Conselho de Segurança da ONU tampouco forneceu ao emissário internacional "o tipo de apoio de que necessita", considerou esta fonte diplomática. A França repetiu nesta quinta-feira que Assad, "que é responsável pelas 45 mil vítimas deste conflito, não pode formar parte da transição política" na Síria. No sábado, Brahimi deverá se reunir com líderes russos em Moscou, indicou a Rússia.

[SAIBAMAIS]Moscou desmentiu nesta quinta-feira a existência de um plano conjunto com os Estados Unidos para tirar a Síria da crise, depois que a imprensa especulou sobre uma iniciativa que manteria Assad no poder até 2014. "Não houve e não há tal plano, e não está sendo negociado", disse à imprensa o porta-voz do ministério russo das Relações Exteriores. Brahimi também negou que houvesse um plano deste tipo.



A Rússia indicou que sua política seguia se baseando no acordo concluído em junho passado em Genebra por vários países, entre eles os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido). Brahimi também se referiu a este acordo e afirmou que havia "elementos suficientes para negociar uma saída da crise nos próximos meses". O acordo prevê, entre outras coisas, que o governo de transição possa incluir membros do atual governo sírio.

A Rússia afirmou em várias oportunidades que não apoiará Assad, mas que tampouco tentará convencê-lo a renunciar, por considerar que corresponde aos sírios decidir o futuro de seu país. A violência na Síria deixou mais de 45 mil mortos, em sua maioria civis, desde o início da mobilização contra o regime de Assad, há 21 meses, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), uma ONG opositora radicada no Reino Unido.

Nesta quinta-feira, a força aérea síria bombardeou os arredores de uma base militar do noroeste do país que os rebeldes sitiam há mais de dois meses, indicou o OSDH. Também na província de Idleb, helicópteros metralharam a localidade de Binneche, acrescentou. Perto de Damasco, em Daraya, a sudoeste da capital, ocorriam combates, também segundo o OSDH. E em outro subúrbio de Damasco, Sbina, a explosão de um carro-bomba deixou quatro mortos e dez feridos, em sua maioria alunos de uma escola da região, segundo a televisão estatal.

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