Agência France-Presse
postado em 03/01/2013 11:07
Nova Délhi - A polícia indiana indiciou formalmente nesta quinta-feira (3/1) os cinco supostos autores do estupro coletivo da jovem estudante indiana que morreu em consequência da agressão. Os cinco homens foram indiciados por estupro, sequestro e homicídio, segundo o tribunal de Saket, sul de Nova Délhi. Os cinco suspeitos são maiores de idade, têm entre 19 e 35 anos, e o sexto acusado, que teria 17 anos, deve ser julgado por um tribunal de menores, e está sendo submetido a exames para a comprovação da idade.
A jovem, que não teve a identidade revelada, saiu de um cinema no dia 16 de dezembro e pegou um ônibus com o namorado. No veículo, ela foi agredida de maneira selvagem e estuprada por seis homens embriagados. Durante a agressão, ela foi atingida por uma barra de ferro e depois jogada do veículo em movimento. A imprensa do país também informou que os estupradores tentaram atropelar a vítima depois do ataque.
Os acusados podem ser condenados à pena de morte na Índia. Os estupros coletivos acontecem quase todos os dias na Índia e muitos não são denunciados pelas vítimas, que não confiam no sistema judiciário e temem a reação dos policiais. Mas a natureza particularmente selvagem deste ataque provocou a revolta da população e levou o governo a prometer mais segurança para as mulheres, além de penas mais severas para os crimes sexuais.
[SAIBAMAIS]Em função disso, os advogados do tribunal de Nova Délhi anunciaram que se negam a defender os suspeitos. "Decidimos que nenhum advogado se apresentará para defender os acusados do estupro porque seria imoral defender o caso", anunciou Sanjay Kumar, um advogado membro da Ordem dos Advogados do distrito de Saket.
Kumar afirmou que 2,5 mil advogados registrados no tribunal decidiram "permanecer à margem" para garantir uma "justiça rápida", o que significa que advogados de ofício representarão os suspeitos. A primeira audiência do tribunal do distrito de Saket, ao sul da capital federal, começou com a apresentação de um relatório de mil páginas, que reúne provas acumuladas contra os acusados, sendo as mais graves as que se baseiam no testemunho do noivo da vítima.
O rapaz, presente no ônibus durante a agressão, foi atingido com uma barra de ferro, antes de ser jogado para fora do veículo. O ministro do Interior, Sushilkumar Shinde, confirmou esta semana que os suspeitos devem ser condenados à morte se considerados culpados. O secretário de Educação, Shashi Tharoor, abriu na véspera um debate ao propor uma nova lei que castigue mais severamente as agressões sexuais e que leve o nome da jovem vítima.
O irmão da estudante afirmou nesta quinta-feira ao jornal The Indian Express que sua família não se opõe a esta ideia. "Meu pai acredita que, se quiserem que esta lei leve o nome de minha irmã, ele pode ser usado, será como uma homenagem a sua memória", afirmou. Apesar de a imprensa ter publicado muitos elementos sobre a vida pessoal e familiar da vítima, seu nome não foi revelado para evitar que as famílias das vítimas desse tipo de crime não fiquem estigmatizadas.