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Rebeldes atacam Força Aérea síria, e ONU confirma 60 mil mortos em conflito

Agência France-Presse
postado em 03/01/2013 16:05
Damasco - Os rebeldes sírios mantêm nesta quinta-feira (3/1) uma ofensiva contra as forças do regime que protegem o aeroporto internacional de Aleppo, no norte da Síria, no dia seguinte ao anúncio feito pela ONU da morte de mais de 60.000 pessoas no conflito que devasta o país há 21 meses.

No plano diplomático, enquanto nenhuma solução política parece estar próxima devido às divisões da comunidade internacional, o embaixador paquistanês na ONU mencionou a possibilidade de um novo encontro "na semana que vem" entre o emissário internacional Lakhdar Brahimi e autoridades americanas e russas para tentar encontrar uma saída para o conflito.

O embaixador paquistanês, Masood Khan, que apresentava à imprensa o programa da Presidência paquistanesa do Conselho de Segurança em janeiro, ressaltou "que há novos contatos". "Esperamos que haja uma reunião trilateral na próxima semana entre Moscou, Washington e Brahimi", disse.

A ONU havia anunciado o número de 60.000 mortos no conflito, mas, para Karim Bitar, diretor de pesquisa do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (Iris), este número pode "não fazer diferença no nível diplomático".

"Todas as grandes potências têm seus próprios objetivos e parecem estar certas de que os riscos de uma intervenção são maiores do que as vantagens. Por isso, não acredito que este número provocará uma resposta internacional mais enérgica", considerou.

Além disso, "o mundo parece anestesiado, insensível aos números, eles se tornaram apenas uma estatística. A cada dia são 150 ou 200 mortos a mais. Como dizia Stalin, ;um morto é uma tragédia, um milhão de mortos é uma estatística.

Nesta quinta-feira, 160 pessoas, incluindo 72 civis, morreram em todo o país, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que se baseia em uma ampla rede de militantes e médicos.

A Síria foi mergulhada em uma guerra civil após a repressão do regime a uma onda de contestação popular, que se militarizou. Os combates entre soldados regulares e desertores, apoiados por civis que pegaram em armas e também jihadistas do exterior, não tiveram trégua desde então.

O OSDH acredita que a guerra civil na Síria deixou mais de 46.000 mortos, mas seu registro não inclui as milhares de pessoas desaparecidas nas prisões do governo, nem a maioria das mortes entre os "shabbihas", milicianos de Bashar al-Assad, e os combatentes estrangeiros.

Além disso, "nem os rebeldes nem o Exército revelam o número exato de mortes em suas fileiras para evitar um golpe no moral", explicou à AFP o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman, que acredita que o número de mortes pode ultrapassar 100.000.

Enquanto o derramamento de sangue prossegue, o chefe do Hezbollah libanês, Hassan Nasrallah, grande aliado do regime de Damasco, considerou nesta quinta que a Síria está ameaçada de cisão, em um discurso transmitido ao vivo pelo Al-Manar, canal de televisão de seu partido.

"Nossa posição fundamental é a rejeição a toda forma de cisão ou de todo apelo à divisão ou partição de qualquer país árabe ou muçulmano e pedimos que seja preservada a unidade de cada um destes países (...). Do Iêmen ao Iraque, até a Síria, mais do que nunca ameaçada", declarou.



No terreno, onde novos ataques aéreos causaram mais mortes pelo país, os rebeldes intensificaram os ataques contra a Forças Aérea e suas aeronaves.

Centenas de combatentes da Frente Al-Nusra (jihadista) e das brigadas islamitas de Ahrar al-Sham enfrentaram as tropas do regime nas proximidades da base aérea de Taftanaz, norte da província de Idleb.

Também foram registrados combates no perímetro do aeroporto de Aleppo, onde os rebeldes atacaram durante a noite a 80; brigada do Exército sírio.

Em Istambul, cerca de 30 caminhões transportando 850 toneladas de farinha partiram em direção à Síria, onde várias regiões são afetadas por uma grave crise alimentar e humanitária.

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