Agência France-Presse
postado em 04/01/2013 18:30
Bagdá - Milhares de iraquianos sunitas se uniram, nesta sexta-feira, para protestar contra o primeiro-ministro xiita Nuri al-Maliki e pedir a libertação de prisioneiros, em meio a uma mobilização contra o governo lançada há duas semanas.Estas manifestações foram realizadas após as prisões por "terrorismo", em 20 de dezembro, de nove guardas do ministro das Finanças Rifaa al-Issawi, um sunita membro do bloco da oposição laica iraquiana e crítico de Maliki, acusado há mais de um ano por seus opositores de monopolizar o poder.
Centenas de pessoas se reuniram na mesquita Abu Hanifa, no bairro de maioria sunita Azamiyah de Bagdá, mas foram impedidos pelas forças de segurança de sair às ruas para manifestar sua insatisfação, de acordo com um jornalista da AFP que esteve no local.
Elas carregavam bandeiras e cartazes pedindo a libertação dos detentos, o respeito aos direitos humanos nas prisões e a revogação da lei antiterrorista, utilizada, segundo eles, pelo governo para atacar a comunidade sunita.
"Bagdá, livre, livre! Vá embora Irã", gritavam, acusando o governo de Maliki de estar sob a influência do Irã, país de grande maioria xiita.
"Quanto tempo ainda nossos filhos vão ficar na prisão sem motivo, a não ser pelo fato de serem sunitas?", perguntava uma manifestante, Um Mohamed.
O movimento de protesto sunita recebeu o apoio do poderoso chefe radical xiita Moqtada al-Sadr, duro crítico de Maliki. O movimento "sadrista", que possui 40 deputados e cinco ministros no governo, participou das orações de sexta-feira numa mesquita sunita em Bagdá.
Sadr previu uma "Primavera iraquiana, se as coisas continuarem neste estado", se referindo à Primavera árabe que sacudiu o mundo árabe nos últimos dois anos. "As manifestações continuarão enquanto as pessoas não estiverem satisfeitas com esses políticos fantoches", disse Sadr durante a semana.
Importantes manifestações também aconteceram em diversos bairros do norte de Bagdá, nas províncias de Salaheddine, Diyala, Kirkuk e Ninive.
Na província de Al-Anbar (oeste), os manifestantes bloquearam pelo 12; dia consecutivo uma autoestrada que liga Bagdá à Jordânia e à Síria. Os cartazes chamavam Maliki de "traidor, mentiroso, sectário e impostor".
Em comunicado, Maliki pediu aos manifestantes e aos policiais que não exagerem, e ameaçou convocar as forças de ordem para acabar com os protestos.
Quinta-feira, o ministro da justiça anunciou a libertação de onze prisioneiros, depois de Maliki afirmar que 700 detentos seriam colocados em liberdade.