Beirute - Um obus caiu neste sábado em um bairro cristão de Damasco, informou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), que registrou dezenas de mortos pela violência em toda a Síria, enquanto a Turquia recebeu os primeiros mísseis terra-ar enviados por países da Otan.
Os mísseis Patriot Otan destinam-se a proteger a Turquia de eventuais ameaças sírias.
"A mobilização começou nesta manhã em Incirlik", a base aérea turca da Otan, anunciou neste sábado à AFP Peter Woodmansee, chefe das operações de implantação de mísseis de combate do exército americano na Europa.
"Várias aeronaves pousaram nesta manhã ao mesmo tempo que um primeiro destacamento da defesa aérea (3-2 Air Defense Artiller - ADA), a unidade Patriot", disse.
Na sexta-feira, chegaram à base de Incierkik (sudeste) militares e equipamentos americanos para preparar a implantação das baterias de mísseis Patriot da Otan que Ancara solicitou.
Cerca de 400 soldados americanos e equipamentos adicionais chegarão por avião nos próximos dias e será preciso esperar até o fim de janeiro para receber mais funcionários e material, que chega por via marítima, informou na sexta-feira o comando do exército americano com base na Alemanha.
Alemanha, Holanda e Estados Unidos participam desta missão com fins meramente defensivos, destinada a proteger o país membro da Otan de eventuais ameaças sírias.
Em Damasco, um obus caiu em um bairro cristão da parte antiga da capital, "sobre Bab Tuma", informou, sem precisar a origem do disparo, o OSDH, ONG sediada em Londres que se baseia em uma ampla rede de militantes e médicos que atuam em todo o país.
Pela primeira vez desde o fim de outubro um atentado com carro-bomba sacudiu esta zona, que até o momento havia se mantido à margem dos combates, deixando 13 mortos, segundo uma fonte oficial.
Pela manhã, uma bomba colocada em um carro-bomba explodiu em Ruknedin, um bairro do norte de Damasco, acrescentou o OSDH.
Também na capital, foram ouvidos durante a noite disparos perto do aeroporto militar de Maze, na periferia sudoeste de Damasco, onde o exército avançou na sexta-feira.
Nesta região, tropas bombardearam durante a noite Daraya, uma localidade que o exército regular tenta tomar há várias semanas, informou a ONG.
Embora o jornal Al-Watan, próximo ao poder, tenha afirmado em sua edição de sexta-feira que a periferia sul de Damasco já estava garantida, violentos combates ocorreram pela noite na região, deixando quatro mortos entre os rebeldes.
No norte foram registrados confrontos esporádicos nas imediações da brigada 80, a cargo da proteção do aeroporto de Aleppo, fechado no começo da semana devido à multiplicação dos ataques rebeldes.
Trata-se do primeiro aeroporto internacional fechado na Síria desde que começou, em março de 2011, a revolta contra o regime de Bashar al Assad.
Segundo uma fonte aeroportuária, o exército quase desalojou todos os rebeldes dos arredores do aeroporto. Outro responsável havia informado à AFP que o tráfego aéreo seria retomado no sábado, mas o OSDH informou que nenhum avião decolou.
No leste do país, rebeldes, em sua maioria jihadistas, atacaram um edifício militar em Deir Ezzor, segundo o OSDH, que informou que os violentos combates que ocorreram deixaram mortos e feridos entre soldados das tropas regulares, enquanto os rebeldes fizeram vários prisioneiros.
Na província de Deraa (sul), onde ocorreram violentos combates, 16 civis, entre eles mulheres, crianças e dois rebeldes, ficaram feridos nos bombardeios, segundo o OSDH.
Segundo um balanço provisório da ONG, 50 pessoas morreram este sábado na Síria. Na véspera, 130 pessoas haviam morrido no país, das quais 58 civis, 37 rebeldes e 35 soldados, segundo o OSDH. Destas vítimas, 60 delas morreram em Damasco e em sua periferia.
De acordo com a ONU, em 21 meses o conflito deixou mais de 60.000 mortos na Síria.