Agência France-Presse
postado em 05/01/2013 16:13
Caracas - A Assembleia Nacional venezuelana reelegeu este sábado Diosdado Cabello, um dos principais nomes do chavismo, para presidir a Casa por mais um ano, em um sinal de unidade do oficialismo enquanto o chefe de Estado, Hugo Chávez, luta contra um câncer em Cuba.Com as mãos levantadas, os membros da assembleia confirmaram Cabello no cargo, em uma demonstração de união dos governistas em meio a boatos de uma disputa interna de poder.
"Maioria evidente, aprovado", disse o próprio Cabello após submeter sua candidatura à votação na Assembleia Nacional (unicameral), na qual o governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), do presidente Hugo Chávez, é majoritário.
A eleição se dá em um momento de grande incerteza na Venezuela, devido ao grave estado de saúde de Chávez, hospitalizado em Cuba desde 11 de dezembro.
Cabello, de 49 anos, ex-tenente que participou da tentativa de golpe fracassada de Chávez em 1992, é a figura mais influente do chavismo depois do próprio presidente e de seu vice, Nicolás Maduro.
"Jamais enganaremos o povo e lutaremos unidos para defender a proposta feita pelo comandante Chávez, eu juro", declarou, minutos depois, o presidente do Parlamento reeleito em seu juramento.
A votação ocorreu na presença do vice-presidente, Nicolás Maduro, do ministro de Energia e Petróleo, Rafael Ramírez, e da Economia, Jorge Giordani, entre outros membros do governo.
Além de Cabello, foi eleito o conjunto da mesa diretora da Assembleia Nacional, integrada por dois vice-presidentes e outros dois secretários, todos membros do PSUV.
A oposição, que reivindicou representar a metade do país após perder as eleições presidenciais de outubro, com 44% dos votos contra 55% para Hugo Chávez, criticou a falta de "pluralidade" desta mesa diretora, nomeada por um ano.
O governo convocou seus simpatizantes a se manifestar em frente à sede do Parlamento para evitar, segundo Cabello, que a oposição use a sessão para "conspirar contra o povo".
Centenas de pessoas vestindo as tradicionais camisetas vermelhas do chavismo se concentraram, na manhã deste sábado, em frente à Assembleia, no centro histórico de Caracas, para declarar seu apoio ao presidente.
"E voltará e voltará, o comandante voltará", gritavam alguns. "Chávez te amamos e aqui te esperamos", entoavam outros.
"Que a oposição saiba que não estamos dormindo e que aqui não vai haver transição porque nosso comandante está se recuperando", afirmou à AFP Santiaga Aponte, de 51 anos, funcionária em vários programas sociais do governo.
Reeleito em outubro, Chávez deveria assumir um novo mandato de governo no próximo dia 10 perante a Assembleia Nacional, mas o próprio governo admite a possibilidade de ele se ausentar devido a seu delicado estado de saúde.
O governo sustenta que o juramento do presidente, previsto para esta data na Constituição, é uma mera "formalidade", e que o próprio texto prevê que, em caso de impossibilidade, o chefe de Estado poderá fazê-lo perante o Tribunal Supremo de Justiça, sem marcar data.
"O presidente continuará sendo o presidente além de 10 de janeiro, que ninguém duvide", afirmou Cabello após sua nomeação na Assembleia Nacional.
Cabello lembrou que a Assembleia concedeu uma permissão para o presidente se ausentar, e que a mesma estará em vigente até que Chávez "retorne uma vez (esteja) curado".
O vice Nicolas Maduro acrescentou, ainda, que ele próprio também seguirá em funções até depois desta data.
"Eu sigo em funções e algum dia, quando houver possibilidade, prestarei juramento, é uma formalidade que se cumpre", disse.
Segundo alguns dirigentes da oposição, em 10 de janeiro termina o mandato de Chávez e, consequentemente, de todo o seu gabinete, e se ele não for empossado para o terceiro mandato, deve ser declarada a "falta temporária" do chefe de Estado.
Para o analista Luis Vicente León, nada pode impedir que Chávez se mantenha na Presidência depois do dia 10, mesmo que não preste juramento.
"Não há instituições independentes, nem organizações políticas sólidas que possam evitar um juramento suspenso", explicou, destacando que o governo "baseará sua estratégia na ideia de que "(Chávez) é um presidente em exercício e não eleito", segundo mensagens publicadas este sábado em sua conta no microblog Twitter, @luisvicenteleon.
O deputado da oposição Ismael García, que militou na situação, disse no Parlamento que "é da opinião" de que o "presidente continua sendo presidente" do país mesmo que não possa assumir no dia 10.
Mas a Asambleia "tem que discutir então, tal como estabelece a Constituição, o caminho que temos que seguir", acrescentou.
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