Agência France-Presse
postado em 09/01/2013 17:20
Beirute - O plano do presidente Bashar al-Assad para solucionar a crise síria é "talvez ainda mais sectário, mais parcial" do que outras iniciativas anteriores apresentadas pelo governo, disse nesta quarta-feira à rede BBC o enviado especial para a paz, Lakhdar Brahimi. "É a repetição de iniciativas anteriores que claramente não funcionaram (...). O que foi dito desta vez, verdadeiramente, não é diferente, talvez ainda mais sectário, mais parcial", declarou Brahimi ao se manifestar pela primeira vez sobre o plano de três fases anunciado por Assad no domingo."Em 2012 houve um novo Parlamento, uma nova Constituição, um novo governo. E a situação não melhorou nada", considerou o emissário da ONU e da Liga Árabe para a Síria. "É preciso reconhecer que há um problema, um grave problema entre os sírios, e que os sírios devem conversar para resolvê-lo", continuou.
"Na Síria, como em outras partes, os povos da região exigem uma mudança verdadeira, não uma mudança cosmética. O tempo das reformas generosamente aceitas (pelo poder) já terminou", disse com ironia. "O povo quer impor sua visão sobre a forma como se governa. Na Síria, em particular, o que as pessoas dizem é que o reinado de uma família por 40 anos é um pouco longo. Acredito que o presidente Assad poderia tomar a iniciativa de atender às aspirações de seu povo, em vez de resistir", disse.
Brahimi referiu-se ao pai de Bashar al-Assad, Hafez al-Assad, que tomou o poder em 1970. Bashar al-Assad, que sucedeu seu pai em 2000, propôs no domingo um plano para acabar com a crise de 21 meses que prevê o fim das operações militares, seguido de um diálogo nacional presidido por seu próprio governo.
Apesar da rejeição categórica deste plano pela oposição, o governo tenta desde terça-feira estabelecer os mecanismos de aplicação deste mapa do caminho.