Mundo

Julgamento de militar suspeito do WikiLeaks pode ser adiado para junho

Agência France-Presse
postado em 09/01/2013 21:50
Uma juíza disse esta quarta-feira que o julgamento de Bradley Manning, soldado suspeito de envolvimento no vazamento de documentos secretos dos Estados Unidos, caso que ficou conhecido como WikiLeaks, poderá ser adiado para junho, um dia após a magistrada reduzir a sentença do réu devido às condições de sua detenção.

Enquanto promotores querem ganhar tempo para rever documentos secretos, a juíza militar Denise Lind marcou para 3 de junho o julgamento do soldado de 25 anos, que é acusado de responsabilidade em um dos maiores vazamentos de dados da história americana.

Mas ela disse que a data para os argumentos de abertura do julgamento - inicialmente prevista para 6 de março - seria definitivamente decidida em 16 de janeiro, durante a próxima audiência na base militar de Forte Meade, Maryland.


Nathan Fuller, porta-voz de um grupo de apoio a Manning, criticou o potencial atraso, afirmando que o soldado poderia estar na prisão por três anos do momento em que foi detido, em maio de 2010, até o início de seu julgamento.

"Um adiamento tão grande é ridículo", criticou Fuller, referindo-se mais especificamente ao período compreendido entre o momento da detenção até a primeira audiência pré-julgamento, em dezembro de 2011.

Ex-analista de inteligência no Iraque, Manning é acusado de vazar centenas de milhares de documentos secretos dos Estados Unidos, inclusive correspondências diplomáticas internas, ao site WikiLeaks, de Julian Assange, despertando a ira de autoridades americanas.

Manning pode ser condenado à prisão perpétua, mas Lind reduziu nesta terça a sentença potencial em 112 dias por causa das condições ilegais e algumas vezes "excessivas" de sua prisão, onde o soldado foi mantido na solitária 23 horas por dia.

Mas a juíza rejeitou um pedido da defesa para deixar de lado todas as acusações contra Manning devido às suas condições, afirmando que o governo precisava assegurar que ele não cometesse suicídio devido ao seu histórico de doença mental.

Autoridades militares enfrentaram críticas pelo tratamento dispensado a Manning e o ex-porta-voz chefe do Departamento de Estado, Philip J. Crowley, renunciou após afirmar que não poderia defender as condições da prisão.

O advogado de Manning, David Coombs, apresentou nesta quarta uma proposta revista segundo a qual o jovem soldado se declararia culpado de 14 crimes que resultariam em um total de 20 anos de prisão.

Uma audiência em fevereiro vai considerar a proposta. Mas a oferta não inclui uma contestação sobre a acusação mais séria, de "ajudar o inimigo", que resulta em prisão perpétua e ainda precisaria ser julgada.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação