Agência France-Presse
postado em 09/01/2013 23:22
A ausência do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, adia decisões fundamentais sobre a economia do país, uma das mais estatizadas da região, advertiram analistas nesta quarta-feira."Estamos vendo a paralisia das decisões econômicas" no governo, disse à AFP o economista Orlando Ochoa, professor da Universidade Católica Andrés Bello.
Segundo Efraín Velásquez, presidente do Conselho Nacional de Economia, "as decisões sobre consumo e investimentos estão suspensas até que isto seja esclarecido",
Chávez partiu para Havana há um mês para se submeter à quarta cirurgia contra um câncer, e desde então os venezuelanos não veem imagens dele, nem ouvem suas palavras. O presidente, de 58 anos e desde 1999 no poder, enfrenta uma infecção pulmonar surgida após a cirurgia.
O Supremo Tribunal de Justiça determinou nesta quarta-feira que Chávez pode retardar sua nova posse, prevista para quinta, até que sua saúde lhe permita prestar juramento perante a máxima instância judicial venezuelana.
Por decisão do próprio Chávez, a direção do país foi entregue ao vice-presidente, Nicolás Maduro.
Segundo Ochoa, antes de viajar para Cuba o presidente ordenou a suspensão de todos os reajustes de preços, inclusive o da gasolina, que é subsidiada e custa apenas 4 centavos de dólar, uma das mais baratas do mundo. Outra questão fundamental é o valor do bolívar, a moeda local, cotado no momento a 4,3 dólar.
Na Venezuela, onde existe um férreo controle do câmbio há quase uma década, as divisas têm uma demanda "infinita porque o preço está muito abaixo do custo real", e o dólar paralelo prolifera em todas as áreas, destacou Ochoa.
Segundo o economista, no Banco Central da Venezuela "há consciência" da necessidade de se desvalorizar o bolívar, mas há resistência no ministério das Finanças.
A desvalorização, muito impopular, aceleraria ainda mais a inflação na Venezuela, que em 2012 foi de 26%, em um país muito dependente das importações, que somaram 56,357 bilhões de dólares no ano passado.
Nos mercados internacionais, os bônus da dívida emitidos pela Venezuela e a estatal de petróleo PDVSA seguem perdendo valor diante da incerteza política.
Segundo o diretor da Ecoanalítica, Asdrúbal Oliveros, os mercados estão preocupados com "a legitimidade das decisões do governo após o 10 de janeiro".
A ausência de Chávez afeta sensivelmente o Executivo da Venezuela, onde o Estado controla setores estratégicos como petróleo, aço e cimento, é responsável por 39% das importações e distribui 30% dos alimentos, após estatizar milhares de empresas.