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Atentados na quinta-feira deixam 115 pessoas mortas no Paquistão

Ataque mais mortífero ocorreu em frente a um clube de bilhar de Quetta frequentado por xiitas, onde um duplo atentado suicida matou 82 pessoas

Agência France-Presse
postado em 11/01/2013 10:11
O ataque mais devastador foi um duplo atentado em um clube de bilhar lotado na cidade de QuettaQuetta - O Paquistão sofreu na quinta-feira (10/1) um dos dias mais sangrentos de sua complicada história recente, com 115 mortos em uma série de atentados principalmente contra xiitas, a poucos meses de eleições gerais neste instável país dotado de uma bomba nuclear. O ataque mais devastador foi um duplo atentado em um clube de bilhar lotado na cidade de Quetta, capital do Baluchistão, de maioria xiita, que deixou 82 mortos e 121 feridos, indicaram as autoridades locais.

Este é um dos ataques mais graves contra esta comunidade muçulmana. Trata-se, também, do ataque mais mortífero desde o duplo atentado suicida em frente a um centro de treinamento da polícia em Shabqadar (noroeste) no dia 13 de maio de 2011, no qual 98 pessoas morreram. O atentado contra esta minoria, que representa 20% da população total do Paquistão (180 milhões de habitantes), foi reivindicado pelos extremistas sunitas do Lashkar e Jhangvi (LeJ), principal grupo rebelde antixiita do país.

Aliado da Al-Qaeda e dos talibãs paquistaneses, o LeJ esteve envolvido no sequestro e assassinato do jornalista americano Daniel Pearl, decapitado em janeiro de 2002. O Baluchistão, uma das regiões mais pobres do Paquistão, é cenário habitual de violência, principalmente contra a minoria xiita, ou vinculada ao conflito entre as autoridades e uma insurreição local.

Os rebeldes do Baluchistão se levantaram em 2004, exigindo uma autonomia política e uma melhor divisão dos recursos obtidos dos recursos mineradores e de gás da região. Um primeiro atentado com explosivo havia ocorrido na quinta-feira pouco antes também em Quetta, causando a morte de 11 pessoas em um mercado muito movimentado. Outro atentado também foi registrado, dessa vez no noroeste do país, em Mingora, capital do vale do Swat, onde uma bomba colocada na sede de um movimento religioso deixou 22 mortos e mais de 80 feridos.

Indiferença das autoridades

[SAIBAMAIS]A organização de defesa de Direitos Humanos Human Rights Watch (HRW) reagiu nesta sexta-feira condenando "a covardia e a indiferença das autoridades" diante das mortes de xiitas, vítimas cada vez mais frequentes de ataques no Paquistão nos últimos anos. Segundo a HRW, 2012 foi o ano mais sangrento para a minoria muçulmana na história do país, com mais de 400 mortos em ataques ou atentados.

A sangrenta quinta-feira confirma o aumento da violência observado nas últimas semanas em várias regiões do país, uma realidade inquietante a poucos meses das eleições gerais previstas para a próxima primavera boreal. Para o general da reserva e analista político Talat Masood, a multiplicação dos atentados demonstra que "o governo perde totalmente o controle da situação" e que neste contexto será muito difícil organizar eleições nos prazos previstos. Tudo isso ocorre em meio a um contexto de crescentes tensões fronteiriças nos últimos dias entre Paquistão e Índia, duas potências nucleares vizinhas, na disputada região da Caxemira.

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