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Julgamento de Berlusconi é reiniciado, mas prostituta não testemunhará

Agência France-Presse
postado em 14/01/2013 13:16
Milão - O julgamento de Silvio Berlusconi por prostituição de menores foi reiniciado nesta segunda-feira (14/1) em Milão, após a rejeição pelos juízes da solicitação de adiamento apresentada por seus advogados, mas sem o testemunho da jovem "Ruby", constatou a AFP. O testemunho da marroquina, cujo nome real é Karima El Mahroug, era aguardado com expectativa, mas após um acordo entre a acusação e defesa a mulher não será interrogada. O tribunal vai se basear nas atas de suas declarações aos investigadores.

Ruby, destaque do julgamento, chegou a se apresentar para dar sua versão das famosas festas "bunga bunga" organizadas por Berlusconi em sua luxuosa mansão Arcore. Os advogados do ;Cavaliere; também pediram um adiamento imediato do julgamento devido à proximidade das eleições gerais de fevereiro, para evitar qualquer "manipulação" durante a campanha. O ex-chefe de Governo será candidato à frente de uma coalizão de centro-direita com o seu aliado, a Liga do Norte.

Já a procuradora Ilda Boccassini, conhecida por sua combatividade contra Berlusconi no mundo jurídico, solicitou que esse pedido fosse rejeitado, argumentando que Silvio Berlusconi não é secretário-geral de seu partido, o PDL, e que ele mesmo assegurou que não se candidataria ao cargo de presidente do Conselho.

Os juízes se retiraram para deliberar a demanda em conselho de câmara, e acabaram por atender à demanda da procuradora. Berlusconi pode ser condenado a três anos de prisão por prostituição infantil e a 12 anos por abuso de poder.



[SAIBAMAIS]A jovem marroquina já havia sido convocada pelo tribunal em duas outras ocasiões, em 10 e 17 de dezembro, mas nunca chegou a depor como testemunha. De acordo com o calendário do julgamento, a acusação está marcada para 28 de janeiro e a defesa para 4 de fevereiro. Em seguida, outra audiência será marcada para "réplicas" e o veredicto.

Berlusconi é julgado desde abril de 2011 em Milão por prostituição infantil e abuso de poder: ele é acusado de pagar por serviços sexuais da jovem marroquina chamada Ruby, na época menor de idade, e de ter exercido pressão sobre a polícia, que havia detido a jovem por roubo em maio de 2010. Os dois negam ter mantido relações sexuais.

Sobre o caso, Berlusconi, de 76 anos, afirma ser vítima de uma "gigantesca operação de difamação". Ele admite que deu dinheiro a Ruby, mas para permitir que ela abrisse um instituto de beleza e para evitar que ela se prostituísse. Enquanto os meios de comunicação revelaram algumas histórias sobre as noites quentes de "bunga bunga" em 2010, com jogos sexuais e dançarinas nuas, o magnata da mídia afirma que essas noites não tinham "nada de ilegal". No entanto, se desculpou, justificando sua solidão por seu divórcio e a perda de sua mãe e sua irmã.

Ele também justificou sua intervenção junto à polícia por razões diplomáticas, dizendo que acreditava que Ruby era sobrinha de Hosni Mubarak, então presidente egípcio. Quanto a Ruby, a imprensa publicou uma gravação de conversas telefônicas em que ela afirma a uma amiga que o então presidente do Conselho havia lhe dito: "Eu vou dar tudo que você quiser, eu vou cobrir você ouro, mas esconda tudo".

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