Agência France-Presse
postado em 14/01/2013 17:13
Damasco - Esta segunda-feira (14/1) foi um dia particularmente sangrento para as crianças na Síria com 26 mortes registradas entre menores de idade em bombardeios nas cidades de Damasco e Aleppo, enquanto regime e rebeldes se acusam mutuamente pelas mortes. A tragédia coincide com a iniciativa de mais de 50 países, que devem exigir que o Conselho de Segurança da ONU acione o Tribunal Penal Internacional (TPI) pelos crimes cometidos durante os 22 meses de conflito no país.[SAIBAMAIS]Enquanto o conflito entra em seu 23; mês, com um registro de mais de 60 mil mortes, os meios de comunicação sírios lideram o ataque contra o emissário internacional Lakhdar Brahimi, um "turista idoso" que, segundo eles, deveria deixar os sírios "tranquilos" se não tem solução a oferecer. As autoridades lançaram uma campanha para denegrir a imagem do diplomata argelino de 79 anos, depois de sua crítica contra o plano para acabar com crise proposto por Assad em 6 de janeiro e que rejeita sua saída do poder.
Decidido a esmagar a rebelião, chamada de "terrorista" por parte do regime, o Exército realiza novos ataques e operações nesta segunda, especialmente nas proximidades de Damasco, onde se concentram os combates. Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que conta com uma ampla rede de ativistas e médicos em toda a Síria, oito crianças, com idade entre nove meses a 14 anos, e cinco mulheres foram mortas em bombardeios da aviação em Mouadamiyat al-Sham, sudoeste da cidade de Damasco.
Em um vídeo postado na internet por ativistas é possível ver as fachadas dos edifícios completamente destruídas, além de corpos ensanguentados e cobertos por poeira. Mas a imprensa oficial acusa os rebeldes pelos disparos de foguetes contra casas em Mouadamiyat al-Sham.
Outras quatro crianças, sendo duas da mesma família, com idade entre 6 e 7 anos, foram mortas em um bombardeio em uma cidade militar perto de Damasco e seis outras crianças morreram em Aleppo (norte), de acordo com o OSDH. No total, 54 pessoas morreram nesta segunda-feira, segundo um balanço provisório da organização. O estupro, principal razão do exílio das mulheres
O OSDH registrou mais de 3.500 crianças mortas desde o início, em março de 2011, de uma onda contestação popular que se militarizou contra a repressão por parte do regime. Domingo, 16 crianças morreram, de acordo com a ONG. Contra a escalada da violência, a Suíça enviou nesta segunda-feira ao Conselho de Segurança uma petição assinada por 52 países, incluindo países europeus, exigindo o encaminhamento para o TPI. A Síria não aderiu à criação do TPI, o que requer a intervenção do Conselho de Segurança para que o tribunal interfira.
Depois de acusar a Força Aérea de utilizar bombas de fragmentação, a organização Human Rights Watch indicou que as tropas terrestres também usaram essas armas proibidas pelas convenções internacionais, que Damasco não ratificou. Para as mulheres, um perigo a mais nesta guerra civil: o estupro se tornou a principal razão de exílio, segundo a organização Internacional Rescue Commitee.
"Muitas mulheres e meninas relataram ataques contra elas, geralmente praticados por homens armados. Esses estupros, por vezes coletivos, ocorrem geralmente sob os olhares de membros da família", relatou a ONG. As vítimas que sobrevivem a esses ataques, raramente falam sobre os crimes em razão "das normas sociais e desonra que representa o estupro pelas (vítimas) e sua família", segundo ela.
O conflito provocou a fuga de milhares de sírios. Mais de 600.000 foram registrados pelo Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur).A Liga Árabe enviará uma missão no Iraque, Jordânia e no Líbano para avaliar as necessidades deste país antes da realização da cúpula de doadores no final de janeiro no Kuwait.
Em um outro país fronteiriço, a Turquia, um morteiro disparado da Síria caiu sem deixar vítimas, segundo as televisões locais, no momento em que a Otan anunciou que os mísseis Patriot estarão operacionais no início de fevereiro, ou até antes.