Agência France-Presse
postado em 15/01/2013 07:12
Islamabad - A polícia paquistanesa lançou bombas de gás lacrimogêneo contra uma multidão de manifestantes que convergiam nesta terça-feira (15/1) para o Parlamento, convocados por um influente chefe muçulmano, e foram ouvidos disparos, segundo um jornalista da AFP no local. Armados com paus, os manifestantes lançavam pedras contra as forças de segurança a menos de 500 metros do Parlamento, ao mesmo tempo em que se ouviam disparos de origem indeterminada, acrescentou.[SAIBAMAIS]Os manifestantes quebraram os vidros dos veículos parados em seu caminho, indicou. Esta é a maior manifestação já organizada pela oposição em Islamabad desde a vitória eleitoral, em 2008, do Partido Popular do Paquistão (PPP) do presidente Asif Ali Zardari.
O movimento foi lançado por Tahrir ul-Qadri, um paquistanês-canadense que retornou de Toronto em dezembro após três anos de exílio e que denuncia o confisco do poder por uma elite de proprietários de terra e industriais "incompetentes e corruptos". Ul-Qadri convoca seus partidários a realizar uma revolução pacífica e deu um ultimato ao governo para dissolver o Parlamento federal e as Assembleias provinciais. "Depois, a Assembleia do Povo tomará suas próprias decisões", advertiu.
Este ultimato expirava, a princípio, nesta terça-feira às 11h locais (04h de Brasília). Tahir ul-Qadri, moderado e fundador da organização Minhaj ul-Quran (Caminho do Alcorão), presente em todo o país e no exterior, convocou uma mobilização que lembra a da praça Tahrir, no Cairo, que provocou a queda do presidente Hosni Mubarak, em 2011.
Durante a noite, os manifestantes demoliram uma primeira linha de barricadas, levantadas com contêineres entre o local inicial da reunião e o Parlamento e outros prédios do governo, assim como o enclave diplomático. Segundo a Constituição paquistanesa, a dissolução das Assembleias deve levar a eleições gerais e à nomeação de um governo de transição que se encarregue dos assuntos correntes do país até a posse do novo governo eleito.
Ul-Qadri defende que esta administração provisória seja formada após consultas com os militares e a justiça, e não apenas pelos grandes partidos tradicionais.