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Regime do presidente Bashar al-Assad é acusado de novo massacre na Síria

Agência France-Presse
postado em 17/01/2013 13:43
Damasco - Uma ONG acusou nesta quinta-feira (17/1) o exército sírio da morte de cerca de 100 civis em um novo massacre, mas a Rússia defendeu o regime de Bashar al-Assad e considerou uma blasfêmia imputar a ele o atentado a bomba que matou nesta semana 87 pessoas na Universidade de Aleppo.

Nesta semana foram registrados na Síria massacres de grande magnitude. Na terça-feira, o regime e os insurgentes se acusaram mutuamente do atentado na Universidade de Aleppo, que custou a vida de 87 pessoas, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH). Militantes e testemunhas afirmaram que a aviação disparou dois mísseis contra esta faculdade, outrora o centro dos protestos na próspera cidade comercial, que durante muito tempo permaneceu afastada do levante contra o regime.

Por sua vez, o exército acusou os rebeldes de terem "cometido um novo crime ao disparar foguetes contra a universidade de Aleppo" para "cobrir seu fracasso". Os Estados Unidos acusaram o regime de Bashar al-Assad de ter cometido este "ataque hediondo". Esta declaração foi considerada uma blasfêmia pelo ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.

[SAIBAMAIS]"Ontem eu vi uma informação semi-neutra na CNN que não exclui que o atentado tenha sido cometido pelas forças armadas do país. Não posso imaginar maior blasfêmia", disse o ministro em uma coletiva de imprensa durante uma visita ao Tadjiquistão. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, condenou o espantoso ataque e lembrou que tomar deliberadamente civis como alvo constitui um crime de guerra.



Na terça-feira, as tropas mataram em 24 horas 106 civis, entre os quais havia mulheres e crianças, segundo o OSDH, perto da cidade de Homs (centro), em um campo onde cerca de mil deslocados se refugiaram para escapar dos bombardeios contra a "capital da revolução", sitiada há mais de seis semanas. O OSDH, que se baseia nas informações de uma ampla rede de militantes e médicos na Síria, afirma que várias pessoas morreram no incêndio de sua casa e que outras foram executadas com armas brancas.

O jornal Al-Watan, vinculado ao regime sírio, afirmou, por sua vez, que o exército "conseguiu progredir de forma assombrosa" nos arredores de Homs, apesar da presença de homens armados, como designam os insurgentes. No entanto, segundo os militantes na zona citados pelo OSDH, não há rebeldes nesta região, situada a 5 km do centro de Homs.

Na quarta-feira, três atentados suicidas com carros-bomba mataram, segundo o OSDH, 35 pessoas - entre as quais 18 soldados - em Idleb, a principal cidade do noroeste da Síria, uma ilha que ainda segue controlada pelo exército, o que não acontece com a maior parte da província de mesmo nome. A utilização de camicases e os ataques simultâneos lembram os métodos da Al-Qaeda e da Frente Al-Nusra. Este movimento, que reivindicou a maior parte dos atentados suicidas na Síria, foi colocado em dezembro na lista americana de organizações terroristas.

Nesta quinta-feira, onze pessoas, entre as quais havia sete meninas e três mulheres, perderam a vida em ataques aéreos perto de Damasco, segundo o OSDH. Um vídeo colocado na internet pelos militantes mostrou os cadáveres de vários membros de uma mesma família, assim como de suas crianças, entre as quais havia uma menina de dois anos, segundo o cinegrafista.

Um segundo vídeo mostrou homens que retiravam o cadáver de um homem sepultado sob os escombros. Um deles insulta o presidente sírio: "Bashar al-Assad, o traidor", grita em frente à câmera. Na quarta-feira, 148 pessoas, entre as quais 77 civis, morreram em toda a Síria, onde a violência não diminui no 23; mês de um conflito que já deixou, segundo a ONU, mais de 60 mil mortos.

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