Agência France-Presse
postado em 17/01/2013 17:28
Paris - A Índia está disposta a comprar até 189 aviões de combate franceses Rafale da Dassault Aviation, 63 a mais que os 126 inicialmente previstos, indicaram nesta quinta-feira fontes próximas às discussões.Esta perspectiva foi evocada durante a visita do ministro indiano das Relações Exteriores, Salman Khurshid, a Paris na semana passada, informaram as fontes, num momento em que os aviões Rafale participam das operações militares no Mali.
"Há uma opção para a compra de 63 aviões suplementares, para os quais será assinado um contrato separadamente. Atualmente, o contrato em negociação envolve 126 aviões", declarou a fonte. "Mas já estamos falando na continuação", acrescentou.
A compra de 126 Rafale foi avaliada em 12 bilhões de dólares pela imprensa indiana. Um pedido suplementar pode elevar o total da operação a 18 bilhões, embora o montante dependa do resultado das negociações realizadas.
Em janeiro de 2012, a Índia preferiu o Rafale ao Typhoon, avião construído pelo consórcio Eurofighter, formado pelos grupos britânico BAE Systems, europeu EADS e italiano Finmeccanica, para equipar sua força aérea. A Dassault e o ministro indiano da Defesa continuam com as negociações para finalizar o contrato nos próximos meses.
Os 18 primeiros Rafale serão fabricados na França, os 108 seguintes serão montados na Índia pela Hindustan Aeronautics Limited, líder da aeronáutica indiana.
"A primeira aeronave será entregue três anos depois da assinatura do contrato", declarou uma dessas fontes.
"É um prazo necessário para a cadeia de produção, já que o exército indiano necessita primeiramente de aviões bimotor, quando a Dassault e os outros fabricantes produzem atualmente monomotores", explicou um especialista.
A Índia, que insiste nas transferências de tecnologia, pede compensações (off-sets) equivalentes à metade do contrato para sua indústria. Dassault e HAL devem identificar os setores em que industriais indianos possam contribuir ao programa. "As negociações sobre os off-sets avançam", afirmou uma fonte próxima ao caso.
Os especialistas em relações comerciais entre Índia e França destacam a complexidade deste tipo de contratos, cujos calendários previstos são adiados constantemente. A Índia esperava encerrar as negociações no ano passado, e posteriormente falou no fim do ano orçamentário, ou seja, 31 de março de 2013.
Contudo, "no ritmo que as negociações avançam, as possibilidades de terminar o acordo neste ano orçamentário são muito escassas", informou na semana passada uma fonte do Ministério indiano de Defesa.
"Não foi fixado nenhum prazo. As negociações avançam bem e podemos esperar que o contrato seja assinado em um período razoável", informou um alto funcionário próximo às discussões.
Na quinta-feira em Paris, o ministro Salman Khurshid se mostrou otimista. "Os bons vinhos franceses levam tempo para chegar à maturidade. O mesmo acontece com os bons contratos. Esperem um pouco para que a rolha salte e terão um bom vinho", disse.
A finalização do contrato com a Índia seria um sucesso considerável para Dassault e para a França, que tratam há anos de exportar esse avião.
O Rafale também concorre em uma licitação brasileira para a compra de 36 aviões de combate, competindo com o F/A-18 Super Hornet da americana Boeing e com o Gripen NG da sueca Saab.
Mas, devido à conjuntura econômica, o Brasil adiou esta aquisição de aviões de combate, declarou a presidente Dilma durante uma visita realizada a Paris em dezembro passado.
Um contrato com a Índia poderia influenciar na decisão do Brasil. Dassault considera também como eventuais clientes aos Emirados Árabes Unidos, Malásia e incluindo o Canadá.
A Índia anunciou sua decisão depois que os Rafale participaram das operações na Líbia em 2011. Atualmente, esses aviões intervêm também no conflito contra os grupos islamitas armados do Mali.