Agência France-Presse
postado em 20/01/2013 09:35
Argélia - Vinte e cinco corpos de reféns foram encontrados neste domingo (20/1) pelas forças especiais da Argélia, que vasculham o campo de exploração de gás do Saara onde um grupo de islamitas armados manteve em cativeiro centenas de trabalhadores e fez dezenas de vítimas.[SAIBAMAIS]O primeiro-ministro, Abdelmalek Sellal, deve anunciar na segunda-feira às 11H30 (horário de Brasília) em uma coletiva de imprensa um balanço oficial deste ataque, segundo o Ministério da Comunicação.
Nenhum novo balanço oficial foi divulgado desde o anúncio da televisão privada argelina Ennahar da descoberta de 25 corpos de reféns pelas forças especiais no campo de exploração de gás de In Amenas, 1.300 km a sudeste de Alger.
O jornal El Watan, citando fontes de segurança, reportou a descoberta de cerca de "trinta corpos de reféns estrangeiros, argelinos e de soldados do exército argelino".
No sábado à noite, o Ministério do Interior falou em 23 estrangeiros e argelinos mortos, assim como 32 sequestradores que morreram durante a operação do exército. As forças argelinas puderam libertar a "685 funcionários argelinos e 107 estrangeiros".
A quantidade de vítimas pode aumentar, afirmou neste domingo o ministro da Comunicação, Mohamed Said, informando que "as forças especiais continuam restabelecendo a segurança na usina de gás de Tiguentourine em busca de eventuais vítimas".
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"Cinco terroristas foram detidos esta manhã" na usina de gás, mas "outros três fugiram", declarou à AFP o diretor da Ennahar, Anis Rahmani.
O ataque foi perpetrado por 40 combatentes de países muçulmanos e inclusive europeus, afirmou Mojtar Belmojtar, chefe do grupo "Os que assinam com sangue" que planejou a operação, segundo um vídeo divulgado domingo pelo site mauritano Sahara Media.
O ministro francês de Defesa, Jean-Yves Le Drian, considerou o sequestro na Argélia como "um ato de guerra".
"O que mais nos surpreende, é dizer ;sequestro;, quando há tantas pessoas envolvidas, penso que é um ato de guerra", declarou ao canal de televisão francês France 5.
Desde quarta-feira, um francês, um americano, dois romenos, e três britânicos foram confirmados como mortos por seus países, além de um morador do Reino Unido.
Outros três cidadãos britânicos estão provavelmente mortos, anunciou neste domingo pela manhã, o primeiro-ministro David Cameron.
Um funcionário colombiano da BP também poderia ser incluído na lista de reféns mortos, informou o presidente colombiano Juan Manuel Santos.
O grupo norueguês Statoil, que explora o campo de gás junto com os grupos britânico BP e argelino Sonatrach, informou que buscas intensivas foram organizadas para encontrar cinco funcionários noruegueses que ainda estão desaparecidos.
A Malásia também não tem informações sobre dois de seus cidadãos.
"Doze dos cadáveres transferidos para o necrotério são de japoneses", declarou à AFP uma fonte do hospital de In Amenas. A JGC tinha informado que dez japoneses continuavam desaparecidos domingo pela manhã. Tóquio não quis comentar as informações de testemunhas.
Os Estados Unidos alertaram sobre uma "grande ameaça" de terrorismo ou sequestros na Argélia e autorizaram os familiares de funcionários da embaixada norte-americana a abandonar o local, após a crise dos reféns em uma usina de gás.
Segundo Riad, um refém argelino funcionário do japonês JGC, não tem dúvidas: os combatentes "tinham cúmplices no interior já que conheciam os quartos dos estrangeiros e todos os detalhes sobre o funcionamento da base".
"Estavam bem informados", confirmou Abdelkader, um funcionário da BP.
No setor de habitação "se dirigiram para os quartos dos japoneses, um terrorista gritou ;abra a porta; com um sotaque norte-americano e depois disparou", contou à AFP Riad. "Estavam informados de todos os nossos procedimentos", acrescentou.
Alguns funcionários filmaram e tiraram fotos do ataque. As imagens dos corpos de cinco japoneses registradas por um dos reféns e que a AFP teve acesso são violentas e mostram funcionários baleados na cabeça.
Na usina, que o chefe dos sequestradores tinha ameaçado explodir, segundo gravação divulgada pelo ANI (site mauritano usado frequentemente como canal de comunicação por grupos islamitas), as operações continuavam.
A usina voltará a operar em dois dias, anunciou o ministro de Energia, Yucef Yusfi, que acrescentou que o sequestro não provocou uma redução das exportações de gás.