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ONG denuncia monopólio da mídia no Brasil, o 'país dos 30 Berlusconi'

Segundo a organização, um dos problemas endêmicos do setor da informação no Brasil é a figura do magnata da imprensa

Agência France-Presse
postado em 24/01/2013 10:08
Paris - O cenário da mídia brasileira, com seu pequeno número de grandes grupos e meios de comunicação regionais muito dependentes do poder dos Estados, é uma espécie de "país dos 30 Bersluconi" e coloca em perigo a independência da informação, segundo um relatório publicado nesta quinta-feira pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

"O Brasil apresenta um nível de concentração de mídia que contrasta totalmente com o potencial de seu território e a extrema diversidade de sua sociedade civil", explica a ONG de defesa da liberdade de imprensa. "O colosso parece ter permanecido impávido no que diz respeito ao pluralismo, um quarto de século depois da volta da democracia", assinala a RSF, recordando que em 2012 houve 11 jornalistas assassinados no país.

Segundo a ONG, um dos problemas endêmicos do setor da informação no Brasil é a figura do magnata da imprensa, que "está na origem da grande dependência da mídia em relação aos centros de poder". "Dez principais grupos econômicos, de origem familiar, continuam repartindo o mercado da comunicação de massas", lamenta a RSF.



Sempre segundo a RSF, a este sistema se acrescenta a censura na internet e denúncias que levaram ao fechamento de blogs durante as eleições municipais de 2012. Nesse sentido, citou o caso do diretor do Google Brasil, que ficou preso brevemente por não retirar do YouTube um vídeo que teoricamente atacava um candidato a prefeito.

A organização faz referência a Fábio José Silva Coelho, que foi preso pela Polícia Federal em setembro passado a pedido do candidato a prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal.

Para reequilibrar o cenário da mídia brasileira, a Repórteres Sem Fronteiras recomenda reformar a legislação sobre a propriedade de grandes grupos e seu financiamento com publicidade oficial, assim como a melhoria da atribuição de frequências audiovisuais para favorecer os meios de comunicação e um novo sistema de sanções que não inclua o fechamento de mídias ou páginas, entre outras medidas.

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