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Recorde de 30 mil refugiados sírios fogem da guerra rumo à Jordânia

Tropas do presidente Bashar al-Assad bombardeavam Homs, "capital da revolução" no centro do país, pelo sexto dia consecutivo, para esmagar os últimos redutos rebeldes

Agência France-Presse
postado em 25/01/2013 19:42
Damasco - Os sírios estão fugindo aos milhares de seu país, mergulhado na violência, segundo a ONU, e nas últimas semanas um número "recorde" de 30.000 civis se refugiaram na vizinha Jordânia, onde as famílias expostas a um inverno rigoroso vivem em condições dramáticas.

A cinco dias de uma reunião de doadores organizada no Kuwait, o rei Abdullah II da Jordânia lançou nesta sexta-feira (25/1) um apelo para que a comunidade internacional "conceda mais ajuda" a seu país, que agora acolhe mais de 300.000 refugiados.

Enquanto isso, as tropas do presidente Bashar al-Assad bombardeavam Homs, "capital da revolução" no centro do país, pelo sexto dia consecutivo, para esmagar os últimos redutos rebeldes.

Em Homs, regime e oposição mobilizavam seus partidários, com o governo promovendo orações e os grupos de contestação realizado manifestações.

O pulmão industrial da Síria e ponto nevrálgico na linha de demarcação entre regime e rebeldes --que dominam amplas áreas no leste e no norte--, era atingido por uma chuva de bombas, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que se baseia em uma grande rede de militantes e médicos.

A rede de militantes contrários ao regime da Comissão Geral da Revolução Síria (CGRS) informou que reforços militares chegavam à cidade, quase totalmente tomada pelo Exército, em meio a operações muito sangrentas.

Diante da violência que causou nesta sexta-feira pelo menos 129 mortes, segundo o OSDH, 6.400 novos refugiados chegaram nas últimas 24 horas à Jordânia, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), elevando para 30.000 o número de sírios que fugiram para o reino desde o início de janeiro, um número "recorde".


"Os refugiados mais frágeis lutam pela sobrevivência (...) e precisamos de mais ajuda internacional", declarou o rei Abdullah II, em um discurso no 43; Fórum Econômico Mundial (WEF), em Davos.

A metade dos 600.000 refugiados sírios tem menos de 18 anos e 25%, menos quatro anos, de acordo com o Unicef.

Enquanto a ONU prevê que o número de refugiados chegue a 1,1 milhão até junho, Líbano, Iraque, Jordânia e Turquia manifestam a sua preocupação, mostrando-se dispostos a receber os sírios que fogem da guerra, contanto que recebam ajuda.

Na Síria, onde pelo menos 2 milhões de pessoas estão deslocadas, a União das Organizações Sírias de Socorro Médico (UOSSM), uma organização de médicos que trabalham clandestinamente no país, apresentou um quadro dramático da situação humanitária.

Denunciando a "inação" da comunidade internacional frente aos abusos do regime, o secretário-geral da UOSSM, Anas Chaker, afirmou que "doenças como a leishmaniose ou a tuberculose voltaram a aparecer. As crianças já não são vacinados há um, às vezes dois anos, o que é uma catástrofe nacional".

De acordo com o doutor Chaker, "90% da ajuda concedida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) ou pela Cruz Vermelha não chega às regiões que precisam de ajuda". Em relação aos medicamentos, a situação é crítica, já que "de 35 a 40 das 57 fábricas de medicamentos da Síria estão localizadas em Aleppo", (norte) devastada por mais de seis meses de guerrilha urbana.

Enquanto a Síria mergulha cada vez mais em uma guerra civil que causou mais de 60.000 mortes, segundo a ONU, as autoridades comemoraram o comparecimento "massivo" nesta sexta nas mesquitas para assistir a uma oração para pedir a volta da segurança.

E como a cada sexta desde o início dos protestos, em março de 2011, os opositores ao regime participaram de manifestações, gritando "Apesar dos bombardeios e do bloqueio, não nos ajoelharemos para ninguém, a não ser a Deus".

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