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Novos confrontos deixam 30 mortos e mais de 300 feridos no Egito

Agência France-Presse
postado em 26/01/2013 11:46

Port Said - Ao menos 30 pessoas morreram e mais de 300 ficaram feridas neste sábado nos confrontos em Port Said desencadeados depois que 21 pessoas foram condenadas à pena de morte pelos atos de violência que deixaram 74 mortos há um ano em um estádio de futebol desta cidade do nordeste do Egito.

Estes confrontos ocorreram um dia após o segundo aniversário da revolução que depôs o então presidente Hosni Mubarak, cuja celebração também foi marcada pela violência entre manifestantes e policiais, com nove mortos e 530 feridos, segundo fontes médicas.

Neste sábado, 30 pessoas, entre elas dois policiais, morreram e mais de 300 ficaram feridas em Port Said, segundo o ministério da Saúde.

As mortes ocorreram nos confrontos registrados depois que parentes dos condenados à morte tentaram invadir a prisão na qual eles se encontravam.

Várias pessoas dispararam contra a polícia, que respondeu com o lançamento de bombas de gás lacrimogêneo, segundo testemunhas.

Duas delegacias de polícia foram atacadas e foram ouvidos diversos disparos, indicou um correspondente da AFP no local.

Há confrontos violentos e sangrentos em Port Said, onde a prisão e o tribunal eram alvos de disparos com armas automáticas, indicou o ministério do Interior.

Um general do exército anunciou a mobilização dos militares na cidade para restabelecer a calma e proteger as instalações públicas, segundo a agência Mena.

No Cairo, os familiares das vítimas que se encontravam na sala de audiências receberam o veredicto com gritos de alegria.

Um homem que perdeu seu filho chorava de alegria. "Estou satisfeito com o veredicto", disse à AFP.

No dia 9 de março, o presidente do tribunal divulgará a sentença para os outros 52 acusados, entre eles nove policiais, julgados desde abril de 2012 por sua suposta responsabilidade nestes anos.

Em fevereiro de 2012, 74 pessoas morreram em Port Said após uma partida de futebol entre o grande clube do Cairo, o Al-Ahly, e uma equipe local, o Al-Masry.

Esta tragédia, a maior do futebol egípcio, ocorreu no estádio de Port Said, depois que o Al-Ahly sofreu sua primeira derrota da temporada para o Al-Masry (3-1). Centenas de seguidores do Al-Masry invadiram o campo e lançaram pedras e garrafas contra os torcedores do Al-Ahly.

Os acusados negaram as acusações de homicídio doloso e de porte ilegal de armas que pesavam sobre eles.

A torcida organizada do Al-Ahly, que afirma que a maioria das vítimas procediam de suas fileiras, ameaçou as autoridades dizendo que iria provocar o caos se o veredicto não fosse severo.

A torcida do Al-Ahly é conhecida por seu apoio ativo à revolta popular, que, no início de 2011, provocou a queda do então presidente Hosni Mubarak.

Oposição ameaça boicotar eleições presidenciais

Após os confrontos mortais que ocorreram na sexta-feira durante a celebração do segundo aniversário da revolução, o exército mobilizou homens e tanques leves para proteger os edifícios da polícia e do governo em Suez, onde oito pessoas morreram.

O canal de Suez, via estratégica de água que une o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho, não foi afetado por estes confrontos, indicou o organismo encarregado deste importante eixo do tráfego marítimo mundial.

Um porta-voz da Autoridade do canal de Suez declarou à AFP que "o canal não está afetado" por estes acontecimentos e acrescentou que 44 navios o atravessaram neste sábado ao meio-dia.

Em outros locais do país, especialmente nos arredores da praça Tahrir do Cairo e em Alexandria (norte), também ocorreram manifestações e confrontos durante a celebração do segundo aniversário.

Em Ismailiya (nordeste), os manifestantes incendiaram a sede local do Partido da Liberdade e Justiça (PLJ), o grupo político da Irmandade Muçulmana, e invadiram a sede do governo.

A oposição egípcia ameaçou neste sábado boicotar as próximas eleições legislativas se os islamitas no poder não aplicarem uma solução global para a crise que o país sofre, sobretudo a formação de um governo de "salvação nacional".

Em um comunicado, a Frente de Salvação Nacional (FSN), principal coalizão opositora, também atribui ao presidente Mohamed Mursi "toda a responsabilidade pela força excessiva empregada pelos serviços de segurança contra os manifestantes".

Mursi, por sua vez, convocou seus compatriotas a rejeitarem a violência e prometeu que os responsáveis por estes confrontos mortais serão levados à justiça, em mensagens publicadas durante a noite em suas contas do Twitter e Facebook.

A ira dos manifestantes está dirigida contra Mursi e a Irmandade Muçulmana, grupo do qual o presidente faz parte, acusado de ter fracassado na revolução que lhe permitiu chegar ao poder pela primeira vez através de eleições presidenciais democráticas.

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