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Vaticano aberto aos direitos civis para os casais homossexuais

Ministro do Vaticano defendeu a família tradicional e reconheceu direitos para os casais "de fato", homossexuais ou não, o que constitui uma abertura por parte da hierarquia da Igreja Católica



Paglia ilustrou aos jornalistas as próximas iniciativas de seu ministério, entre elas o encontro mundial que será realizado no início de 2015 na Filadélfia (Estados Unidos). O arcebispo italiano manifestou sua total oposição a formas de discriminação contra os homossexuais em alguns países, em particular no Oriente Médio e na África.

"Em vários países, a homossexualidade é considerada um crime. É preciso combater isso", disse. Por sua vez, condenou a aprovação da adoção por parte de casais do mesmo sexo."A Igreja conhece o preço do que é uma família sem filhos, dos idosos sozinhos e dos doentes. A família se transformou ao longo de décadas, mas nunca vamos abandonar seu ;genoma;, ou seja, que é formada por um homem, uma mulher e seus filhos", disse.

[SAIBAMAIS]A abertura em direção à aprovação de direitos dos gays por parte de um dos hierarcas da Santa Sé divide o movimento italiano de defesa dos homossexuais. "Pela primeira vez um hierarca da Igreja reconhece direitos de casais homossexuais e denuncia que no mundo há muitos países que consideram a homossexualidade um crime", declarou satisfeito Franco Grillini, da rede Gaynet.

Menos positiva foi a reação de Aurelio Mancuso, líder do movimento Equality Italia. "Reconhecer os direitos individuais equivale a manter a atual situação. Ou seja, ausência de direitos", disse.

O tema da legalização do casamento gay irrompeu na Igreja católica, que até agora havia mantido uma posição firme sobre o assunto. "O legislador deve responder a exigências que antes não existiam", afirmou o monsenhor Rino Fisichella, ministro do Vaticano para a "nova evangelização".

O religioso pede que o tema "seja debatido de forma mais ampla, e não imposto" pelos governos como ocorreu na França, Espanha e Portugal, segundo ele.