Agência France-Presse
postado em 05/02/2013 16:04
Washington - Ao todo 54 países colaboraram com a CIA no programa de detenção secreta e tortura de suspeitos de terrorismo após os atentados de 11 de setembro. É o que mostra relatório de uma organização humanitária divulgado nesta terça-feira que inclui nações como Bélgica, Argélia, Dinamarca e Canadá.Segundo a organização Open Society Justice Initiative, os 54 governos estrangeiros participaram de diversas maneiras do programa da agência de investigação americana, acolhendo prisões secretas em seus territórios, ajudando na captura e no transporte dos detidos, interrogando e torturando segundo o plano de interrogatórios reforçados, fornecendo informações ou ainda abrindo o espaço aéreo para permitir a transferência ilegal de pessoas de um país a outro.
"Ao participar dessas operações, esses governos violaram o direito interno e internacional e violaram as regras contra tortura", que é "não somente ilegal e imoral, mas também ineficaz para reunir informações confiáveis", denuncia o relatório intitulado "A globalização da tortura".
Os 54 países citados no relatório estão em todos os continentes. Do Afeganistão, passando pelo Iêmen e pelo Zimbábue, aos 25 países da Europa, como Áustria, Bósnia-Herzegovina, Croácia, Finlândia, Alemanha, Irlanda, Reino Unido, Espanha e Itália. A Austrália é mencionada, assim como o Irã, que entregou dez pessoas aos Estados Unidos apesar da difícil relação com Washington.
As prisões secretas da CIA, por onde passaram os cinco acusados do 11 de Setembro, atualmente detidos em Guantánamo, estavam em Tailândia, Romênia, Polônia e Lituânia. Os duros métodos de interrogatório que eram utilizados, foram autorizados durante a administração do ex-presidente George W. Bush, que tiveram suas dissimulações sobre práticas como afogamentos e tortura amplamente denunciadas por Barack Obama.
O relatório indentifica 136 pessoas que foram detidas ou transferidas pela CIA. Algumas eram ligadas à Al-Qaeda, mas inúmeras foram presas equivocadamente no auge da luta contra o terrorismo liderada pelo governo Bush após os atentados de 11 de setembro.
A Itália é o único país onde um tribunal condenou os responsáveis por envolvimento nestas operações. O Canadá é o único país a ter pedido desculpas a uma vítima do programa e a ter pago, assim como Austrália, Suécia e Reino Unido, indenizações aos atingidos.