Agência France-Presse
postado em 08/02/2013 09:34
Bamako - Um islamita cometeu nesta sexta-feira (8/2) o primeiro atentado suicida da história do Mali, em Gao, cidade do norte recentemente retomada de grupos islamitas armados, no mesmo dia em que soldados malinenses atacaram na capital Bamako um acampamento de militares ligados ao ex-presidente Amadou Toumani Touré.No âmbito militar, os soldados franceses e chadianos prosseguiram com seu avanço no extremo nordeste do Mali, bastião dos islamitas armados, tomando nesta sexta-feira o controle da localidade de Tessalit, a menos de 90km da fronteira argelina. Em Gao, um terrorista suicida morreu ao detonar seus explosivos perto de soldados malinenses, um dos quais ficou levemente ferido, afirmou um oficial do exército malinense.
O homem "se aproximou de nós de moto, ele era um Tamashek (tuaregue), e, quando se aproximava, detonou seus explosivos", declarou Mamadou Keita, acrescentando: "Morreu imediatamente e entre nós há um ferido em estado leve".
[SAIBAMAIS]O atentado foi reivindicado por um grupo islamita do norte do Mali, o Movimento para a Unidade e a Jihad na África Ocidental (Muyao). "Reivindicamos este ataque contra os soldados malinenses, que escolheram ficar ao lado dos infiéis, dos inimigos do Islã", disse à AFP um porta-voz, Abu Walid Sahraouiu.
Um jornalista viu o corpo destroçado do suicida, que vestia um uniforme da polícia malinense e que, além de seu cinturão de explosivos, portava em sua moto um obus que não explodiu.
O Muyao já fez uma declaração na véspera reivindicando a colocação de minas, ataques a comboios militares e a utilização de terroristas suicidas nesta região.
"O Muyao está por trás da explosão de dois carros do exército malinense entre Gao e Hombori" (norte), afirmou então o mesmo porta-voz. Também disse que seu grupo havia "conseguido criar uma nova zona de conflito, organizar ataques a comboios e organizar terroristas suicidas".
Boinas Vermelhas contra Boinas Verdes
Por sua vez, várias pessoas ficaram feridas quando soldados de diferentes corpos do exército malinense atacaram um acampamento de "Boinas Vermelhas" próximos a Touré, derrubado em março de 2012
O ataque - que ilustra as profundas divergências no exército malinense, derrotado pelos islamitas armados e pelos rebeldes tuaregues em 2012 - foi aparentemente motivado pela rejeição dos "Boinas Vermelhas" de deixar seu acampamento e se dirigir a outras unidades para combater os islamitas no norte.
"Desde as 06h00 locais (04h00 de Brasília), militares fortemente armados, de diferentes corpos, atacaram o acampamento. Neste mesmo momento estão disparando contra nossas mulheres e nossos filhos", declarou Yaya Bouaré, um "Boina Vermelha" que se encontra no acampamento atacado. "Há vários feridos no acampamento", acrescentou. Suas declarações foram confirmadas por habitantes do acampamento.
No fim de abril de 2012, os "Boinas Vermelhas" tentaram em vão recuperar o poder após o golpe de Estado que no dia 21 de março derrubou o presidente Toumani Touré. Este golpe de Estado foi realizado por outro corpo do exército, os "Boinas Verdes" do capitão Amadou Haya Sanogo. Os combates entre as duas unidades deixaram 20 mortos.