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Maré humana em funeral de opositor tunisiano gera confrontos com a polícia

Funeral do opositor assassinado Chokri Belaid foi convertido em uma manifestação contra o poder islamita

Agência France-Presse
postado em 08/02/2013 13:57

Tunes - Dezenas de milhares de pessoas participaram nesta sexta-feira (8/2) do funeral do opositor assassinado Chokri Belaid, convertido em uma manifestação contra o poder islamita, e onde ocorreram confrontos, apesar do grande dispositivo policial e militar.

O partido islamita no poder na Tunísia, Ennahda, foi acusado de estar por trás deste assassinato sem precedentes nos anais contemporâneos, e da crise política que o país vive há meses. A polícia utilizou bombas de gás lacrimogêneo contra vândalos que incendiaram carros diante do cemitério, no sul de Túnis, onde o opositor foi enterrado. O incidente provocou um breve movimento de pânico, segundo a polícia.

Em outro ponto da capital, na avenida Habib Bourguiba, em pleno centro, a polícia perseguiu com cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo dezenas de jovens manifestantes hostis ao poder, que gritavam "Vão embora, vão embora", o grito utilizado na revolução que em janeiro de 2011 terminou com o regime de Zine El Abidine Ben Ali.

[SAIBAMAIS]Durante o funeral deste opositor assassinado com três tiros na frente de sua casa na quarta-feira em Túnis, o país estava paralisado por uma greve geral convocada por partidos políticos e pela União Geral Tunisiana do Trabalho (UGTT).

Belaid, de 48 anos, era um firme opositor aos islamitas e dirigia o Partido dos Patriotas Democratas, que se integrou na aliança "Frente Popular". Até o momento não se sabe quem foi o autor de seu assassinato. "O povo quer a queda do regime", gritou a multidão na entrada do cemitério de El Jellaz. "O povo quer uma nova revolução", "Ghannushi assassino", "Ghannushi, pegue seus cachorros e vá embora", também gritava, referindo-se ao líder do partido Ennahda.



Ao redor do cemitério havia um impressionante dispositivo de segurança formado por militares, unidades antidistúrbios e homens à paisana encapuzados e armados com paus.

Os helicópteros do exército sobrevoavam a capital, onde caminhões militares estavam mobilizados na avenida Bourguiba, epicentro dos confrontos dos últimos dias, que custaram a vida de um policial. Outro agente estava nesta sexta-feira em coma depois de ter sido espancado durante a noite por manifestantes em Gafsa.

Os militares também foram mobilizados nas cidades de Zarzis (sul), Gafsa (centro) e Sidi Buzid, berço da revolução de 2011, diante dos principais prédios do governo.

Nestas cidades e em outros pontos do país centenas de pessoas protestaram com gritos de "Assassinos" e "Chokri descansa, continuaremos seu combate". Em Gafsa ocorreram breves confrontos entre policiais e manifestantes. O funeral do opositor foi realizado em meio a uma greve geral, que se traduziu no cancelamento de todos os voos de partida e de chegada no aeroporto de Túnis-Cartago, o principal do país.

Os transportes funcionavam de forma precária, os supermercados, lojas e cafés estavam fechados em diversas cidades, e as ruas estavam quase vazias. A greve, a primeira desta amplitude desde a queda de Ben Ali, ocorre em um contexto econômico e social muito tenso. As manifestações e os conflitos sociais, muitas vezes violentos, se multiplicaram devido ao desemprego e à miséria, dois fatores chave da revolução.

O assassinato também agravou a crise política no país, com o aparecimento de fissuras entre os moderados do Ennahda, liderados pelo primeiro-ministro islamita, Hamadi Jebali, e um grupo mais radical, alinhado com seu líder histórico, Rashed Ghannushi. Jebali pediu na quarta-feira a criação de um governo de tecnocratas, o que seu próprio partido, o Ennahda, rejeitou.

Ao redor do cemitério um impressionante esquema de segurança foi montado, com militares, unidades antidistúrbios e homens à paisana encapuzados e armados com cassetetes.

Helicópteros do Exército sobrevoavam a capital, onde caminhões militares estavam mobilizados na avenida Bourguiba, epicentro dos confrontos dos últimos dias, que custaram a vida de um policial. Outro agente estava nesta sexta-feira em coma depois de ter sido espancado durante a noite por manifestantes em Gafsa. Os militares também foram mobilizados nas cidades de Zarzis (sul), Gafsa (centro) e Sidi Bouzid, berço da revolução de 2011, diante dos principais prédios do governo.

A greve geral causou o cancelamento de todos os voos de partida e de chegada no aeroporto de Túnis-Cartago, o principal do país. Os transportes funcionavam de forma precária, os supermercados, lojas e cafés estavam fechados em diversas cidades, e as ruas estavam quase vazias.

Divisões no Ennahda

Esta mobilização, a primeira desta magnitude desde 2011, ocorre em um contexto econômico e social muito tenso, em meio a manifestações e conflitos, geralmente violentos, que se multiplicam em razão do desemprego e da miséria, dois fatores que desencadearam a revolução.

O assassinato também agravou a crise política no país, com o surgimento de divisões entre os moderados do Ennahda, liderados pelo primeiro-ministro islamita, Hamadi Jebali, e um grupo mais radical, alinhado com seu líder histórico, Rashed Ghannoushi.

Jebali pediu na quarta-feira a criação de um governo de tecnocratas, o que seu próprio partido, o Ennahda, rejeitou. "Mantenho a minha decisão de formar um governo de tecnocratas e não precisarei do aval da Assembleia Nacional Constituinte" (ANC), declarou. Em meio à confusão, o principal grupo jihadista tunisiano, Ansar al-Sharia, convocou os islamitas a acabar com suas divisões para evitar "uma guerra civil".

"Fazer mais concessões, liberar ainda mais o lastro neste momento crucial só pode levar ao suicídio político", declarou ao Ennahda o líder do grupo radical, Abu Iyadh, procurado pela polícia por seu papel no ataque à embaixada dos Estados Unidos em setembro.

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