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Multidão vai a funeral de líder opositor da Tunísia e pede fim do governo

Rodrigo Craveiro
postado em 09/02/2013 06:05
O caixão é carregado por tunisianos até a sepultura: despedida do defensor dos direitos humanos se transformou em um ato político

Durante os cerca de 3km que separam Jbel Jloud ; o bairro onde Chokri Belaid nasceu, em Túnis ; do cemitério Al-Jallaz, uma maré humana acompanhou o caixão coberto pela bandeira tunisiana, por flores e por fotografias. As mulheres ignoraram a tradição, se uniram à multidão e compareceram ao funeral para se despedir do advogado de direitos humanos e principal líder da oposição, morto com três tiros, na última quarta-feira. De acordo com a rede de tevê Al-Wataniya, a procissão fúnebre reuniu 1,4 milhão de pessoas. O número, no entanto, é contestado pelo Ministério do Interior, que reconhece a presença de 40 mil manifestantes.

O evento logo transformou-se num megaprotesto a favor da queda do premiê Hamadi Jebali e do governo controlado pelo partido islâmico moderado Movimento Ennahda, acusado de ter planejado o assassinato. A polícia disparou bombas de gás lacrimogêneo contra vândalos que atearam fogo a carros diante de Al-Jallaz. Na Avenida Habib Borguiba, no centro de Túnis, os militares espancaram jovens hostis ao poder, que clamavam ;Vão embora, vão embora!” ; o mesmo grito proferido durante a revolução que depôs o ditador Zine El Abidine Ben Ali, em janeiro de 2011.


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