Agência France-Presse
postado em 11/02/2013 15:09
Cidade do Vaticano - Quando o chefe da Igreja católica renuncia a sua função ou morre, seu sucessor é eleito pelos cardeais reunidos em conclave na Capela Sistina, onde ficam isolados do mundo exterior. Durante seus dois mil anos de história, a Igreja Católica modificou várias vezes as modalidades para a designação de um Papa até chegar tardiamente à fórmula atual do conclave. Nada no Evangelho indica como escolher o sucessor do Santo Padre.A intervenção de soberanos, de grandes famílias, ou até da força armada na escolha dos Papas levou Nicolau II a reagir publicamente em 1060, publicando a bula In Nomine Domini. Este texto codificou permanentemente a eleição dos Papas, que ficou a cargo exclusivamente dos cardeais.
Em 21 de novembro de 1970, Paulo VI definiu as características atuais do colégio eleitoral: a idade limite de um cardeal para participar da eleição é de 80 anos, e no número máximo de cardeis eleitores é 120. João Paulo II confirmou essas regras em fevereiro de 1996 em sua constituição apostólica "Universi Domini Gregis". Nos últimos anos, a internacionalização crescente do colégio de cardeais tornou cada vez mais aleatório qualquer previsão sobre a escolha do conclave.
A eleição de um Papa deve acontecer distante de toda pressão externa, para isso, o enclave (cum clave) fica isolado do mundo exterior. Este isolamento existe desde 1271 quando, em Viterbe (Itália), os cardeais, sem conseguir chegar a um acordo para escolher o sucessor de Clemente IV, foram presos pelos cristãos, que os mantiveram apenas com pão e água, para incitá-los a eleger rapidamente um novo Papa.
O eleito, Gregório X, institui esta prática como regra, a exceção do regime de pão e água. Atualmente, mudanças especiais foram realizadas no Vaticano a fim de assegurar o isolamento dos "grandes eleitores", mas também para permitir o mínimo de conforto durante a duração do conclave, já que vários deles são idosos.
[SAIBAMAIS]Os cardeais entram em conclave em no mínimo 15 dias e no máximo 20 dias após a morte ou renuncia de um Papa. Eles passam em cortejo da Capela Paulina até a Sistina. Em seguida, as portas são fechadas, as chaves retiradas, e o isolamento é assegurado pelo cardeal carmelengo no interior, e pelo prefeito da Casa Pontifícia no exterior.
Os cardeais não têm o direito de votar em si mesmo e devem, um de cada vez, prestar juramento de respeito ao voto secreto e de aceitar o resultado. Eles juram igualmente que aquele entre eles que for eleito não renunciará jamais a reivindicar a plenitude dos direitos de pontífice romano. A eleição acontece na Capela Sistina, com duas votações de manhã e duas à noite. As cédulas de voto são queimadas. O cardeal eleito é aquele que recebe pelo menos dois terços dos votos. Em caso de impasse, uma votação pela maioria absoluta é possível.
Quando o resultado é alcançado, o decano dos cardeais imediatamente pergunta ao eleito se ele aceita a eleição. Se este for o caso, torna-se Papa e sua jurisdição estende-se imediatamente para o mundo católico. O novo Papa deve declarar o nome que ele escolheu como pontífice.
Durante o processo de votação, uma espécie de fogareiro é instalado na Capela Sistina para informar a multidão de fiéis, tradicionalmente reunida na Praça de São Pedro junto com o batalhão da imprensa, sobre o resultado da votação. Se a fumaça é preta, não há eleito. Se a fumaça é branca, um novo Papa foi escolhido.