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Academia de Ciências da Áustria reconhece que teve membros nazistas

Muitos, além de pertencerem ao Partido Nazista, eram também da SS

Agência France-Presse
postado em 16/02/2013 13:05

Viena - A Academia de Ciências austríaca, 75 anos após a anexação (Anschluss) da Áustria pela Alemanha nazista, e 68 anos após a queda da ditadura de Adolf Hitler, reconheceu que muitos membros da época eram integrantes do Partido Nazista (NSDAP) e, frequentemente, também da SS.

Um estudo realizado por historiadores, revelado pelo semanário Profil e que será publicado por ocasião do 75; aniversário do Anschluss, no dia 12 de março de 2013, também revela que 21 cientistas judeus, incluindo três Prêmios Nobel, o Prêmio de Química Richard Willst;tter (1915), os Prêmios de Física Viktor Franz Hess (1936) e Erwin Schr;dinger (1933), foram excluídos da Academia, que na época tinha 53 membros. Nove destes sábios morreram no Holocausto.

Em 1939, a Academia de Ciências austríaca pôde proclamar que "não inclui judeus" ("Judenrein"). A partir de 1941, a Academia de Ciências se dedicou inclusive a trabalhos de investigação racial, sobretudo medindo os crânios dos deportados e de prisioneiros de guerra.




Dos cerca de 60 membros da Academia, três quintos eram adeptos do NSDAP.

Após a queda do Terceiro Reich, a Academia suspendeu seus membros nazistas, mas a partir de 1950 todos eles foram reintegrados, incluindo um ex-Sturmbannführer SS (comandante).

Segundo a historiadora austríaca Heidemarie Uhl, que participou do estudo, "falta determinar se a Academia de Ciências, ao reintegrar os ex-nazistas, não fazia nada que não fosse agir em conformidade com a sociedade austríaca do pós-guerra".

Até o início dos anos 1990, a Áustria e os austríacos se consideravam as "primeiras vítimas de Adolf Hitler". Mas o presidente Thomas Klestil, em 1994, em um discurso pronunciado perante o Knesset (parlamento israelense), reconheceu publicamente a plena responsabilidade histórica da Áustria nas atrocidades nazistas.

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