Beirute - Mais de 300 civis, inclusive mulheres e crianças, foram sequestrados em apenas dois dias no noroeste da Síria, um número sem precedente desde o começo do conflito no país, em janeiro de 2011, informaram neste sábado o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) e moradores locais.
[SAIBAMAIS]Estes sequestros, implicando pela primeira vez um grande número de mulheres e crianças, começaram quinta-feira, quando mais de 40 civis dos vilarejos xiitas de al-Fua e Kafraya, na região de Idleb, foram levados por um grupo armado. Algumas horas depois, mais de 70 pessoas oriundas de vilarejos sunitas foram sequestradas por grupos pró-regime. Em seguida, dezenas de sunitas, em grande parte dos vilarejos de Saraqeb, Bennech, e Maaret al-Noomane, foram levados por grupos pró-regime, de acordo com o OSDH.
"Em dois dias, o número de pessoas levadas foi aumentando e passou de 300", explicou Rami Abdel Rahmane, presidente da organização, com sede no Reino Unido e que se apoia numa grande rede de informantes, composta por militantes, médicos e advogados no país. A maioria dos rebeldes que combate o regime é sunita, enquanto o clã do presidente Bashar al-Assad é alauíta, um ramo xiita.
Um morador de 29 anos do vilarejo de al-Fua também informou sobre o sequestro de centenas de sunitas após o rapto de 40 xiitas, afirmando, em seguida, que as mulheres e crianças sunitas haviam sido libertadas. De acordo com ele, os sequestros são frequentes na região, e as vítimas são libertadas após serem usadas como moeda de troca.
Sequestros são atos quase que cotidianos na Síria desde a militarização do conflito, mas a amplitude dos últimos raptos não tem precedentes, estimou o OSDH, que denuncia um "crime de guerra". "Não há mais autoridade central, principalmente nesta região", explicou Abdel Rahmane.