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Xiitas no Paquistão ameaçam as autoridades por causa de atentado

Eles cobram punição para responsáveis pela morte de 81 pessoas

Agência France-Presse
postado em 17/02/2013 11:55

Quetta - Xiitas paquistaneses ameaçaram neste domingo as autoridades com a organização de grandes manifestações se os autores de um atentado contra esta minoria muçulmana que deixou 81 pessoas mortas no sábado em Quetta (sudoeste) não forem detidos rapidamente.

Uma bomba escondida em um caminhão-tanque, ativada por controle remoto, explodiu na tarde de sábado perto de um edifício de dois andares, que desabou sobre um bazar de Hazara Town, uma cidade xiita situada na periferia de Quetta, capital da região do Baluchistão.

O atentado, que deixou 81 mortos e cerca de 180 feridos, segundo o último balanço da polícia local, é o segundo mais mortífero contra a comunidade xiista na história do Paquistão, um país em sua maioria sunita onde nos últimos anos o fundamentalismo religioso ganhou espaço. O ataque de sábado foi reivindicado pelo grupo Lashkar-e-Jhangvi.

Há pouco mais de um mês, mais de 90 pessoas morreram em Quetta em uma série de atentados anti-xiitas, reivindicados igualmente pelo Lashkar-e-Jhangvi, um grupo fundado em meados dos anos 1990 que multiplicou os ataques contra esta minoria, que constitui cerca de 20% dos 180 milhões de paquistaneses.



Azidullah Hazara, presidente do Partido Democrático Hazara, um pequeno grupo que representa os xiitas da etnia hazara, também presente no Irã e no Afeganistão, deu neste domingo um ultimato de 48 horas às autoridades para que lancem uma operação contra os responsáveis por este ataque, do contrário levarão milhares de pessoas às ruas.

"Já havíamos planejado uma cerimônia neste domingo, em homenagem aos mártires do atentado do mês passado. Depois desta cerimônia anunciaremos nosso plano de ação", acrescentou Daud Agha, presidente da conferência xiita, em uma entrevista à AFP.

O primeiro-ministro paquistanês, Raja Pervez Ashraf, pediu às forças de ordem que detenham os autores destes ataques, mas a demanda foi recebida com ceticismo pelos xiitas, que acusam o governo de incapacidade e inclusive de falta de vontade em sua luta contra o grupo Lashkar-e-Jhangvi. O chefe de operações deste grupo sunita, Malik Ishaq, foi libertado em julho de 2011 após 14 anos de prisão.

Sayed Qamar Haider Zaidi, porta-voz da comunidade xiita local, também acusou o governo de não proteger adequadamente os xiitas, e anunciou três dias de luto.

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