Rodrigo Craveiro
postado em 18/02/2013 07:00
Além de abalarem os pilares de uma instituição milenar ; que concentra 1,2 bilhão de seguidores ;, a disputa pelo poder, as denúncias de corrupção, os escândalos e as divergências em torno da própria doutrina deram pistas sobre os motivos por trás da primeira renúncia de um pontífice em seis séculos. Para o vaticanista italiano Marco Tosatti, jornalista do diário La Stampa (Turim), as rivalidades denunciadas pelo próprio papa Bento XVI acompanham a história de toda a Igreja Católica, e não apenas da Cúria Romana. ;Essas divergências ocorrem entre os bispos e os padres, entre os próprios sacerdotes, entre o clero e o povo leigo. E sempre será assim, pois isso faz parte da natureza humana;, afirma. ;O papa acompanha tudo e emite um alerta: quando as escaramuças se tornam excessivas, a própria Igreja sofre.; Na semana passada, depois de anunciar sua decisão, o pontífice criticou a ;hipocrisia religiosa; e pediu uma ;verdadeira renovação da Igreja;.
O caso VatiLeaks ; vazamento de documentos pessoais de Bento XVI pelo mordomo Paolo Gabriele ; expôs algumas das divisões do clero. Uma corrente de pensamento na Santa Sé defende que o crime teria sido obra de uma facção incomodada com o acúmulo de poder do cardeal Tarcisio Bertone à frente da Secretaria de Estado do Vaticano. ;Em um dos dossiês, o arcebispo Carlo Maria Vigan; pedia ao papa para que o mantivesse à frente da Pontifícia Comissão para o Estado da Cidade do Vaticano, a fim de que pusesse fim à incompetência financeira e à corrupção;, lembra o padre jesuíta norte-americano Thomas J. Reese, autor de O Vaticano por dentro: a política e a organização da Igreja Católica. ;Não eram disputas sobre teologia, mas de personalidade e de poder.;