Agência France-Presse
postado em 19/02/2013 11:45
Cidade do Vaticano - O cardeal e ex-arcebispo de Los Angeles Roger Mahony, acusado de ter acobertado o escândalo envolvendo padres pedófilos, talvez seja aconselhado a não viajar a Roma para participar no conclave que vai eleger o próximo Papa.A afirmação foi feita pelo cardeal italiano Velasio de Paolis em entrevista ao jornal Reppublica. O Papa Bento XVI anunciou que sua renúncia ao cargo em 28 de fevereiro. O conclave será convocado na primeira metade do mês de março para escolher seu sucessor. "É possível que aconselhemos Mahony a não vir, mas deve vai se tratar de uma intervenção privada da parte de alguém com grande autoridade", afirmou o cardeal De Paolis, especialista em direito canônico.
"A prática comum é recorrer à persuasão. Não podemos fazer mais para eventualmente dissuadi-lo de ir votar", declarou o cardeal De Paolis falando de uma "situação desconcertante". "Mas as regras em vigor devem ser cumpridas e o cardeal Mahony tem o ;direito-dever; de participar e votar no próximo conclave", acrescentou o cardeal De Paolis, que é jurista, presidente emérito da delegacia de casos econômicos e comissário papal para os Legionários de Cristo.
[SAIBAMAIS]"Por último, é sua consciência que vai decidir se ele deve vir ou não", estimou ainda o cardeal De Paolis, julgando improvável que o Papa Bento XVI venha a se envolver neste caso. O sucessor do cardeal Mahony à frente da arquidiocese de Los Angeles, Monsenhor José Gomez, o retirou de todas suas antigas funções "administrativas e públicas". O ex-arcebispo (no posto até 2011) é acusado de ter acobertado dezenas de padres acusados de pedofilia na década de 1980.
Uma associação de católicos americanos, a Catholics United, enviou uma petição na semana passada para se opor à participação de Mahony no conclave. "Prezado cardeal Mahony,fique em casa", pede a petição on-line. "Sua participação em escândalos de pedofilia da Igreja e sua proibição de liderar um ministério pela arquidiocese de Los Angeles deveria ser, para você, uma indicação de que você não deve participar do próximo conclave", diz a petição.
Em 2007, a arquidiocese de Los Angeles, então comandada pelo cardeal Mahony, aceitou pagar 660 milhões de dólares a 500 supostas vítimas. O acordo previa também a publicação de dossiês pessoais de padres acusados de abuso. Documentos comprometedores publicados pela imprensa mostravam trocas confidenciais entre Roger Mahony e um alto conselheiro, onde refletiam sobre os meios para impedir que os padres pedófilos caíssem nas mãos da polícia.