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Colômbia entrega a camponeses 130 mil hectares tomadas pelas Farc

Medida deve beneficiar cerca de 342 famílias. Terras pertenciam a ex-líder da guerrilha colombiana

Agência France-Presse
postado em 21/02/2013 10:24
Bogotá - O governo da Colômbia iniciou nessa quarta-feira (20/2) a recuperação de 130 mil hectares de terras supostamente usurpadas pelo falecido líder militar das Farc ;Mono Jojoy;, enquanto dialoga com a guerrilha em Cuba para por fim ao conflito armado.

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, liderou nesta quarta-feira um ato de entrega de títulos de terras a 342 famílias no município de San Vicente del Caguán, departamento (estado) de Caquetá (sul), onde há 11 anos o ex-presidente Andrés Pastrana (1998-2002) celebrou diálogos de paz frustrados com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

"Estamos entregando os títulos de propriedade depois de anos desejando que estes títulos pudessem ser entregues aos camponeses desta região do país. Também fazer um ato de posse de uma série de hectares despojadas pelas Farc", disse o presidente. Ele assegurou que ;Mono Jojoy;, cujo nome de batismo era Víctor Julio Suárez Rojas, foi "um dos grandes latifundiários" antigos da Colômbia, que se apropriou ilegalmente de milhares de hectares e terrenos baldios do Estado.

[SAIBAMAIS]Santos revelou ainda que o governo planeja examinar nos próximos anos 500.000 hectares de terras supostamente usurpadas pelo grupo guerrilheiro, as quais foram identificadas graças à inteligência policial e militar. "Hoje, onze anos depois, ao invés de estar sendo despojados pelas Farc, estamos despojando as Farc de seu terreno mal obtido e estamos entregando aos camponeses a terra que lhes corresponde e que lhes pertence", destacou Santos.



O estatal Instituto Colombiano de Desenvolvimento Rural (Incoder) destacou, em um comunicado, que entre as terras recuperadas está o sítio ;Tranquilandia;, que aparentemente servia de residência habitual do ;Mono Jojoy;, morto em uma operação militar em 2010, e de base militar para o Bloco Oriental das Farc.

A Colômbia tem mais de 3,7 milhões de pessoas deslocadas, uma das cifras mais altas do mundo, devido ao conflito armado que o país vive há meio século por atividades entre guerrilhas de esquerda, paramilitares de ultradireita, bandos de narcotraficantes e forças armadas estatais. O governo responsabiliza as Farc - com a qual celebra desde novembro de 2012 diálogos que buscam por fim ao conflito armado - de também despojar as terras de camponeses.

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