Agência France-Presse
postado em 22/02/2013 15:05
Tunes - O atual ministro tunisiano do Interior, Ali Larayedh, foi designado nesta sexta-feira (22/2) por seu partido, o islamita Ennahda, primeiro-ministro para ficar à frente do governo e tentar formar uma equipe capaz de tirar o país da profunda crise política desencadeada pelo assassinato de um opositor. O chefe do partido islamita, Rached Ghannouchi, apresentou no fim da manhã desta sexta-feira a candidatura de Larayedh ao presidente Moncef Marzouki."O presidente deseja sucesso a Larayedh, a quem entregará nesta noite a carta de designação oficial" como primeiro-ministro, disse o porta-voz da presidência, Adnéne Mancer. A reunião entre os dois homens será realizada pouco depois das 16h00 locais (12h00 de Brasília). Após ser nomeado oficialmente, Larayedh terá 15 dias para formar sua equipe, que deverá obter a confiança da Assembleia Nacional Constituinte (ANC).
O chefe de Estado desejou que o ministro do Interior em fim de mandato comece a trabalhar "o mais rápido possível" na formação de seu gabinete, já que "o país não suporta esperar mais", segundo o porta-voz. O Ennahda, primeira força política do país com 89 deputados, pode alcançar com facilidade os 109 votos necessários de um total de 217 deputados para a aprovação do governo.
Este partido prometeu formar um gabinete que misture personalidades políticas e tecnocratas para ampliar ao máximo possível sua base e sair da crise política na qual o país se encontra desde o assassinato do opositor anti-islamita Chokri Belaid, no dia 6 de fevereiro. Ali Larayedh, prisioneiro torturado sob o regime tunisiano do deposto Zine El Abidine Ben Ali e depois ministro do Interior, tem 57 anos e é considerado um partidário do diálogo dentro da corrente moderada do Ennahda.
Sucede no cargo Hamadi Jebali, outro islamita moderado que renunciou no início da semana depois de ter fracassado na tentativa de convencer seu próprio partido sobre a formação de um governo de tecnocratas. O Ennahda se opõe a esta iniciativa afirmando que as eleições de outubro de 2011 lhe deram legitimidade para governar. Jebali se despediu dos tunisianos na quinta-feira à noite em um discurso televisionado. Advertiu seu sucessor e o conjunto da classe política de que apenas um governo neutro pode tirar o país da crise.
A vida política tunisiana, que já vivia uma crise latente há meses, está paralisada desde o assassinato de Chokri Belaid. Após oito semanas de silêncio sobre a investigação, Larayedh anunciou na quinta-feira que suspeitos foram detidos, mas não forneceu mais detalhes.
Além desta crise, o país enfrenta as frustrações sociais que normalmente levam a atos violentos, já que o desemprego e a miséria, no centro da revolução que expulsou do poder Ben Ali em janeiro de 2011, não melhoraram. A elaboração da Constituição também se encontra bloqueada devido a uma falta de compromisso sobre a natureza do futuro regime, o que impede a organização de novas eleições. Isso sem esquecer o aumento da influência islamita jihadista, responsável por diversos efeitos dramáticos vividos pela Tunísia nos últimos dois anos.