Agência France-Presse
postado em 23/02/2013 11:29
Palma, Espanha - Iñaki Urdangarin, o genro do rei da Espanha que prestou depoimento neste sábado (23/2) a um juiz que o investiga por suposta corrupção, tentou afastar a Casa Real do escândalo que cerca cada vez mais a instituição.O marido da filha mais nova do rei Juan Carlos, a infanta Cristina, é suspeito, assim como o ex-sócio Diego Torres, de ter desviado milhões de euros de dinheiro público através do Instituto Nóos, uma entidade de mecenato que presidiu entre 2004 e 2006.
Urdangarin, ex-campeão olímpico de handebol de 45 anos que virou empresário, iniciou o depoimento em Palma de Mallorca (Baleares) com a leitura de um comunicado no qual tentava manter à margem da investigação a família real que, segundo informações divulgadas durante a semana, poderia estar a par e assessorado as atividades de sua empresa de mecenato. "Declaro que a Casa de Sua Majestade o Rei não opinou, assessorou, autorizou ou avaliou as atividades que eu desenvolvia no Instituto Nóos", afirmou Urdangarin.
"Pelo contrário, quando teve conhecimento da existência de censuras políticas às administrações públicas contratantes, a Casa de Sua Majestade o Rei me fez as recomendações oportunas para que deixasse de realizar uma atividade que não considerava adequada para meu ;status; institucional e assim o fiz", concluiu.
Leia mais notícias em Mundo
Durante toda a semana, a imprensa espanhola revelou dados, contidos em mensagens de correio eletrônico, atribuídas a Urdangarin, que parecem indicar que o rei Juan Carlos teria apoiado o genro.
A situação compromete a Casa Real, que desde o fim de 2011 tenta marcar uma fronteira clara entre as atividades profissionais de Urdangarin e o restante da família real, além de manter a filha mais jovem do rei totalmente à margem da investigação por corrupção a respeito do marido.
Mas o inquérito cada vez mais se aproxima do núcleo da família real. Ainda neste sábado deve ser ouvido Carlos García Revenga, secretário pessoal das infantas Elena, de 49 anos, e Cristina, de 47, também suspeito no caso
"Mais que um secretário", afirma o jornal El País, García Revenga é o único funcionário da Casa Real com o privilégio de tratar informalmente as filhas do rei.
O homem de confiança das infantas será interrogado sobre "os trabalhos de assessoria ou consulta que pode ter prestado ao genro do rei Juan Carlos, segundo uma fonte judicial.
Em Palma de Mallorca, o juiz José Castro continua compilando de maneira meticulosa as peças do caso neste escândalo que já havia motivado um depoimento de Urdangarin ano passado.