Havana - Raúl Castro foi oficialmente reeleito presidente de Cuba este domingo para o último mandato de cinco anos, com um novo número dois do regime: o vice-presidente do Conselho de Estado, Miguel Diaz-Canel, noticiou a imprensa oficial. "A Assembleia Nacional do Poder do Povo aprovou hoje, nesta capital, o general do exército Raúl Castro Ruz como presidente do Conselho de Estado e elegeu Miguel Diaz-Canel Bermudez como seu primeiro vice-presidente", segundo a agência de notícias AIN.
Diaz-Canel, que fará 53 anos em abril, é engenheiro elétrico de formação, ex-ministro da Educação e herdeiro político de fato do presidente com vistas a projetar o único regime comunista do Ocidente para o futuro.
Raul Castro, de 81 anos, se tornou presidente interino do país quando seu irmão, Fidel, ícone da Revolução Cubana, ficou doente em 2006. Em 2008, tornou-se presidente formalmente.
A Assembleia Nacional, cujos membros se candidataram em outubro para as cadeiras do Parlamento, sem opositores, também elegeram Esteban Lazo, 69 anos, seu presidente.
Não houve surpresas na reeleição de Raúl Castro na presidência do Conselho do Estado, embora tenha brincado com a possibilidade de sua renúncia na sexta-feira. Raúl e Fidel, que foi ovacionado no plenário do Parlamento, foram reeleitos deputados em 3 de fevereiro.
Em seu último mandato, Raúl Castro deveria continuar com as reformas empreendidas desde que sucedeu Fidel e preparar o novo líder que governará a ilha comunista a partir de 2018, pela primeira vez desde 1959 sem os irmãos Castro, no âmbito da incerteza pela doença do presidente venezuelano, Hugo Chávez, grande benfeitor de Cuba.
Esteban Lazo, de 68 anos, deixou o Conselho este domingo, após ser eleito como novo presidente do Parlamento em substituição a Ricardo Alarcón, de 75 anos, um acadêmico e ex-chanceler que o presidiu durante 20 anos e que não foi reeleito deputado.
Lazo é o dirigente negro mais proeminente do regime e é considerado "ortodoxo" entre os membros do seleto birô político do Partido Comunista de Cuba (PCC, único). "A eleição de Esteban Lazo à presidência da Assembleia Nacional confirma o enfoque cauteloso para possíveis mudanças no sistema político (...) Lazo tem se caracterizado por operar a ortodoxia ideológica", explicou à AFP o analista Arturo López-Levy, da Universidade de Denver (Colorado, EUA).
Além de Díaz-Canel, os novos vice-presidentes do Conselho são Salvador Valdés, um sindicalista negro de 67 anos que prside a central de trabalhadores e Mercedes López Acea, de 48 anos, chefe do Partido em Havana.
Também foram reeleitos vices José Ramón Machado (embora não na primeira vice-presidência), Ramiro Valdés (80 anos) e Gladys Bejerano (66).
Os 31 membros do Conselho de Estado serão escolhidos pelo novo Parlamento ao final de um longo processo eleitoral, iniciado em outubro com as eleições municipais, sob um esquema sem surpresas no qual não esteve em risco o controle que o PCC exerce na sociedade.
Entre os 31, há 17 novos membros no Conselho, no qual estão representados diversos setores da sociedade cubana.
A nova cúpula governista no único país comunista do Ocidente assumirá seus trabalhos em momentos de incerteza devido à saúde de Hugo Chávez, que retornou há uma semana à Venezuela depois de dois meses de hospitalização em Havana.
Cuba, que depende do petróleo e da ajuda da Venezuela, enfrenta um embargo econômico dos Estados Unidos há meio século.
Desde que sucedeu oficialmente a Fidel na presidência, em fevereiro de 2008, Raúl Castro fez reformas consistentes, sobretudo inserindo elementos de economia de mercado dentro do sistema estatal, sem tocar o poder do PCC.
Também fez reformas sociais, como uma nova lei migratória que libertou em janeiro os cubanos das permissões de viagem e a autorização desde 2008 para comprar telefones celulares e computadores, assim como para se hospedar em hotéis, que até então eram reservados aos turistas estrangeiros. Por iniciativa dele, o PCC aprovou em 2012 a limitação a 10 anos do tempo para desempenhar um cargo no poder, com o que ele mesmo se fixou um limite para ocupar a presidência, que termina em 24 de fevereiro de 2018.
Todas estas reformas são migalhas para a oposição, que continua exigindo liberdade de expressão, liberdade de associação e direito à manifestação perante um regime que considera todo opositor um "mercenário" pago pelos Estados Unidos.