Agência France-Presse
postado em 25/02/2013 07:06
Moscou - O governo do presidente sírio Bashar al-Assad está disposto a dialogar com todas as partes, incluindo os grupos armados, afirmou nesta segunda-feira (25/2) em Moscou o ministro sírio das Relações Exteriores, Walid al-Muallen, o primeiro dirigente do país a expressar tal proposta aos insurgentes."Estamos dispostos ao diálogo com todos os que desejam o diálogo, incluindo os grupos armados", disse Muallem após uma reunião com o colega russo Serguei Lavrov. "Nós continuamos sendo partidários de uma solução pacífica ao problema sírio", afirmou Muallem, em referência à criação de uma coalizão pacífica que negociaria tanto com "a oposição externa quanto com a interna". "Não existe uma alternativa aceitável a uma solução política obtida por meio de acordos sobre as posições do governo e da oposição", afirmou Lavrov.
"Nós somos partidários de uma Síria independente, unida, e de que todos os cidadãos sírios, independentemente de sua religião, vivam livremente em paz e democracia", completou o chanceler russo. "O povo sírio deveria decidir seu destino sem uma intervenção externa", completou Lavrov. O ministro russo afirmou que a situação na Síria está em um "encruzilhada", mas expressou otimismo sobre a possibilidade de uma solução negociada.
[SAIBAMAIS]"Há aqueles que embarcaram em um rumo de mais derramamento de sangue que poderiam provocar a queda do Estado e da sociedade", advertiu Lavrov. Os combates - que de acordo com a ONU provocaram 70.000 mortes desde o início das revoltas que viraram um conflito armado, em março de 2011 - aumentaram nos últimos dias, enquanto os beligerantes tentam obter uma vantagem militar.
A Rússia, importante aliada de Damasco, vetou ao lado da China todos os projetos de resolução do Conselho de Segurança da ONU para condenar o regime de Bashar al-Assad. Moscou - que também fornece armas ao regime sírio - convidou, no entanto, o presidente da coalizão da oposição síria, Moaz al-Khatib, que pode viajar à capital russa no início de março.
Mas a oposição síria anunciou no sábado a suspensão de vários encontros no exterior para denunciar o "silêncio internacional sobre os crimes" cometidos pelo regime, um dia depois de um violento ataque com mísseis contra a cidade de Aleppo. Ahmed Moaz al-Khatib pediu no sábado aos governos do mundo que iniciem uma ação concreta para acabar com o banho de sangue na Síria.
A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, criticou nesta segunda-feira em Genebra o fracasso do Conselho de Segurança em levar ao Tribunal Penal Internacional o caso sírio. O presidente da Assembleia Geral da ONU denunciou a "carnificina" que acontece na Síria.