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Filha de ex-ditador, primeira mulher assume presidência da Coreia do Sul

Entre os desafios, Park Geun-Hye terá que enfrentar relações com a Coreia do Norte, além dos desafios da desaceleração do crescimento e do aumento dos custos de vida

Agência France-Presse
postado em 25/02/2013 11:14
Seul - Park Geun-Hye se tornou a primeira mulher a assumir a presidência da Coreia do Sul nesta segunda-feira (25/2), prometendo tolerância zero em relação às provocações da Coreia do Norte e exigindo que Pyongyang "abandone suas ambições nucleares" imediatamente.

Park Geun-Hye liderará uma das sociedades com o envelhecimento mais rápido no mundoComo líder da quarta economia da Ásia, Park, a filha de 61 anos do falecido ditador militar Park Chung-Hee, enfrenta os desafios da desaceleração do crescimento e do aumento dos custos de vida em uma das sociedades com o envelhecimento mais rápido no mundo.

Ao tomar posse menos de duas semanas após a Coreia do Norte realizar seu terceiro teste nuclear, Park pediu que o regime de Pyongyang "abandone suas ambições nucleares sem demora" e volte a integrar a comunidade internacional.

"O recente teste nuclear da Coreia do Norte é um desafio para a sobrevivência e para o futuro do povo coreano, e não deve haver nenhuma dúvida de que a maior vítima será a própria Coreia do Norte", disse. "Não tolerarei nenhuma ação que ameace as vidas de nosso povo e a segurança de nossa nação", disse Park, enquanto prometeu buscar a política de construção de confiança com Pyongyang levantada por ela durante a campanha.

[SAIBAMAIS]"Avançarei passo a passo com base em elementos de dissuasão", acrescentou. Analistas afirmam que suas opções estarão limitadas pelos protestos internacionais contra a Coreia do Norte devido ao teste nuclear de 12 de fevereiro, que encorajou os falcões de seu partido conservador que se opõem a um maior engajamento.

Não houve reação imediata de Pyongyang, mas um editorial publicado nesta segunda-feira no jornal do partido dos trabalhadores Rodong Sinmun enviava uma mensagem clara a Park para evitar as políticas de confrontação aplicadas por seu antecessor Lee Myung-Bak.



"As relações intercoreanas se tornaram tão tensas que a península Coreana é ameaçada com um conflito armado", alertou o jornal. A cerimônia de posse desta segunda-feira, que durou duas horas e meia, foi precedida por um show do rapper sul-coreano Psy, que apresentou seu hit mundial "Gangnam Style".

Além da questão da Coreia do Norte, a presidente também deverá responder aos pedidos da classe média, preocupada pela segurança econômica e pelas desigualdades sociais. Seu discurso foi dedicado principalmente à economia. A nova chefe de Estado prometeu uma democratização econômica, a criação de empregos e a extensão das ajudas sociais neste país.

Ao se referir ao milagre econômico da Coreia após a guerra, Park afirmou que seu governo construirá uma economia criativa para além dos setores manufatureiro e industrial, cimentos da riqueza nacional. "No coração da economia criativa encontram-se a ciência, a tecnologia e a tecnologia da informação, setores que apontei como prioritários", afirmou. Park assumiu o poder pouco mais de 50 anos após seu pai, um veemente anticomunista, tomar o poder em um golpe militar.

Park Chun-Hee dirigiu o país com mão de ferro até ser assassinado em 1979, e seu legado continua dividindo a nação: para alguns, foi o artífice do milagre econômico sul-coreano após a Guerra da Coreia (1950-1953), enquanto para outros foi um implacável censor das liberdades públicas.

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