Agência France-Presse
postado em 25/02/2013 21:01
Nova Orleans - Três anos depois da explosão da plataforma de petróleo Deepwater Horizon, teve início nesta segunda-feira nos Estados Unidos o julgamento civil contra a British Petroleum (BP), um processo que promete ser uma maratona se não houver um acordo extrajudicial entre as partes.O tribunal de Nova Orleans encarregado do caso deverá determinar a responsabilidade da BP e de suas empreiteiras no vazamento de petróleo, que se transformou no pior desastre ambiental da história dos Estados Unidos.
A acusação afirma que houve negligência por parte da empresa, ocasionando a explosão ocorrida no dia 20 de abril de 2010, que causou a morte de 11 trabalhadores, o naufrágio da plataforma e o vazamento de milhões de barris de petróleo a 80 km da costa de Nova Orleans.
Segundo o advogado que representa o Departamento de Justiça, Michael Underhill, há evidência de "problemas sistêmicos" de negligência por parte da empresa, assim como uma constante indiferença com respeito aos temas de segurança que levaram ao desastre.
"Foram toleradas ações imprudentes, que às vezes eram incentivadas pela BP com o objetivo de economizar", afirmou Underhill.
A BP negará as acusações de negligência para evitar multas que podem alcançar os 17 bilhões de dólares.
Neste sentido, a petrolífera espera delegar as responsabilidades à Transocean, proprietária da plataforma, e à empreiteira Halliburton.
"O responsável de segurança da plataforma não tinha a competência mínima para seu posto", disse Jim Roy, representante do comitê que reúne milhares de cidadãos e empresas afetadas pelo vazamento.
No primeiro dia do julgamento, vários manifestantes estavam presentes na entrada do tribunal para pedir que o juiz aplique as penas máximas neste caso.
Já o principal representante da Transocean, Brad Brian, defendeu a competência do pessoal da companhia e disse que muitos deles atuaram com "heroísmo".
Brian qualificou ainda a tentativa da BP de transferir as responsabilidades como algo "vergonhoso".
A petrolífera já solucionou a parte penal do caso ao reconhecer sua culpa e pagar ao Estado federal o valor recorde de 4,5 bilhões de dólares. Também pagou outros 10 bilhões de dólares a particulares, empresas e comunidades locais afetados pelo vazamento.
No total, a BP gastou fora do âmbito da justiça cerca de 14 bilhões de dólares em operações de limpeza e outros 10 bilhões em indenizações.