Agência France-Presse
postado em 26/02/2013 14:22
Rio de Janeiro - Sob a premissa de que o engenho humano não tem limites, a Fundação Bill & Melinda Gates premia com até um milhão de dólares os melhores protótipos de sanitário capazes de evitar que o esgoto saia das casas sem tratamento, contaminando o meio ambiente e ameaçando a saúde da população."A ideia do desafio ;Reinvent the Toilet; é premiar a melhor ideia de um sanitário que torne os dejetos seguros para evitar que os patógenos (microorganismos causadores de doenças) saiam das casas, entrem em contato com as pessoas; (deve ser) um sanitário acessível, fácil de usar e que possa ser comprado nas lojas", explicou à AFP o encarregado sênior do programa de Água, Saneamento e Higiene da Fundação Bill & Melinda Gates, o marfinense Doulaye Kone.
Para se candidatar ao prêmio, o projeto precisa atender a certos critérios, como evitar odores e insetos, custar até US$ 0,05 ao dia por usuário, evitar a contaminação do meio ambiente e permitir a recuperação de componentes que possam gerar renda, como gás e adubo para produzir fertilizantes.
Kone participa no Rio de Janeiro da conferência internacional de Academias de Ciências (IAP), onde o desafio foi apresentado.
Um sanitário que gera energia
O desafio "Reinvent the Toilet" distribuiu quatro prêmios no ano passado. O projeto vencedor foi do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech, Estados Unidos), que obteve o prêmio máximo de 2012 ; 100 mil dólares ; por desenvolver um sanitário alimentado com energia solar e é capaz de produzir hidrogênio e eletricidade.
Mas a Fundação continua procurando novos projetos e este ano oferece recompensa de até US$ 1 milhão para o ganhador. Calcula-se que um bilhão de pessoas vivam em condições sanitárias inadequadas que causam doenças responsáveis pela morte de 1,5 milhão de crianças a cada ano.
"Muitas destas doenças são evitáveis, mas se tornam endêmicas em regiões densamente povoadas, em áreas de favela e em países pobres simplesmente porque a infraestrutura sanitária não dispõe de tecnologia eficiente para proteger a saúde das pessoas", afirmou.
Os sistemas tradicionais de coleta e tratamento de esgoto são muito caros porque precisam de grande quantidade de água, rede de coleta e energia para alimentar as estações de tratamento.
E as alternativas existentes, como as fossas sépticas, não conseguem evitar muitas vezes a contaminação ambiental, argumentou.
"A forma diferente de resolver o problema é considerar que a solução não está necessariamente ligada a um sistema de dutos coletores. É possível ter um sanitário com um sistema adequado de tratamento doméstico, que permita resolver o problema localmente", destacou.
Na busca por incentivar estas soluções inovadoras, a Fundação destinou aproximadamente US$ 380 milhões de dólares a projetos vinculados a seu programa de saneamento nos últimos cinco anos. Atualmente, 65 são financiados em vários países, alguns latino-americanos, como Brasil, Peru e México.
No Brasil, onde segundo dados oficiais cerca de 40% das residências ainda não estão ligadas a rede de coleta e tratamento de esgoto, a instituição financia o projeto de uma latrina de biodecompósito, material que decompõe o material orgânico, desenvolvido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Mais informações sobre o desafio estão disponíveis no link